Por Ronaldo Ramos*
Mentoria é a arte de inspirar, desafiar e dirigir, desenvolvendo a confiança mútua entre mentor e mentorado no sentido do aprimoramento para a tomada de decisões bem informadas e com riscos calculados, e de contribuir para a criatividade e o pensamento estratégico.
Mentoria é a arte de desenvolver alianças, catalisar, ensinar, aconselhar, apoiar o desenvolvimento e a execução de planos, criar ambientes seguros para o aprendizado, ser referência, contar histórias.
Mentoria é a arte de compartilhar conhecimento, experiência, sabedoria, com habilidade para fazer as perguntas certas, de forma investigativa, empática e respeitosa.
Mentoria é a arte de estimular e energizar o mentorado a explorar suas conclusões e aprender a partir de experiências próprias, em um processo seguro e protegido da exposição ao mundo exterior.
Mentoria pressupõe o uso de várias ferramentas específicas, como coaching, treinamento, direcionamento, motivação, aconselhamento e, sobretudo, permite que o executivo ou sócio desenvolvam seu próprio processo de aprendizado, com um programa focado na aceleração deste aprendizado e em um objetivo concreto, ligado ao desempenho de uma responsabilidade profissional específica.
Difere do coaching em muitos aspectos, pois enquanto este se baseia na psicologia e nas ciências do comportamento e não necessariamente é aplicado por alguém que esteve na linha de frente de um negócio, a mentoria compreende um processo abrangente, holístico, baseado sobretudo na noção de que o mentor demonstra comprovado sucesso em funções semelhantes às do mentorado e tem uma compreensão interdisciplinar e intercultural das questões a serem abordadas.
O mentor entende com precisão o sentimento de solidão que muitos enfrentam ao atingir posições de liderança em seus negócios, pois conviveu com este mesmo sentimento ao longo de sua carreira.
No CEOlab o trabalho de mentoria tem apoio em três pilares:
1. Diagnóstico, formulação e validação – O primeiro e mais relevante passo em direção à solução é a formulação do problema. Nesta fase várias ferramentas e processos são utilizados:
a) Estimular o mentorado com perguntas e reflexões que o levem ao diagnóstico e à causa raiz de uma questão ou desafio, seja de ordem política, técnica, comportamental ou de liderança;
b) Manter disciplina e foco para otimizar o uso de recursos;
c) Evitar gastos com tentativas de usar ferramentas conhecidas, preferidas e dominadas em zona de conforto, porém inadequadas;
d) Para identificar os melhores meios para a solução do problema, não restringimos nosso trabalho a receitas definidas “a priori”, preferindo alavancar o conhecimento por meio do compartilhamento de experiências entre os mentores;
2. Conversa investigativa, empática e respeitosa – seres humanos têm histórias e expectativas próprias que precisam ser entendidas com clareza e alinhadas ao momento da empresa, dos sócios e do CEO. A conexão do mentor com seus clientes e a mútua confiança são essenciais para o sucesso da mentoria.
O respeito às conquistas individuais e coletivas é um valor inegociável, nem todos querem as mesmas coisas. No caso de uma empresa familiar, por exemplo, o fundador costuma ser uma fonte inesgotável de conhecimento e sabedoria que precisa continuar se desenvolvendo, seja na função que ocupa ou na transição para a sucessão. Já a dinâmica do relacionamento na mentoria e a visão de futuro e necessidades específicas podem variar e requerem do mentor ouvidos atentos para captar sinais importantes – novas habilidades necessárias para enfrentar novos tempos, novos mercados, novas expectativas?
3. Pensamento horizontal e experiência específica, interdisciplinar e intercultural – o mentor precisa ter experiência comprovada em posição de liderança, equivalente à do mentorado, principalmente na liderança e na gestão de equipes multidisciplinares e multiculturais, pois a mentoria precisa estar aliada à visão e aos processos – produção, finanças, estrutura legal e societária, mercados e relações internacionais. Construir consenso, ambiente colaborativo, motivar o desenvolvimento e permitir o pensamento “dentro e fora da caixa” é essencial.
* Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net