Por Paulo Henrique Ferro*
Estar na posição de CEO ou de empreendedor, não é tarefa fácil.
A complexidade de seu papel e a capacidade de influenciar as variáveis internas e externas de uma organização, exigem uma visão mais ampla de suas atribuições.
Estar no comando confere aos executivos o poder para influenciar a resolução dos problemas da organização. No entanto, administrar a multiplicidade de cenários e as aparentes contradições na tomada de decisão, requer velocidade e pensamento estruturado.
De fato, organizar e adequar as ideias parece óbvio, mas a dinâmica do cotidiano não é tão simples assim. A agenda e o ritmo intensos podem privar o executivo de reflexões mais elaboradas além de levar ao característico isolamento da posição. Por outro lado, os limites inerentes ao tempo e ao conhecimento dos executivos, significa que há a necessidade de influenciar as equipes por meio do contato indireto, com o apoio da estratégia adotada e dos processos organizacionais eficazes.
Um estudo da Harvard Business School, publicado em julho/agosto deste ano, mapeou a agenda de 27 CEOs de grandes companhias americanas durante três meses. Conduzido pelo professor , Michael Porter, e pelo reitor , Nitin Norhia, o estudo aborda a gestão do tempo e propõe seis dimensões que indicam como os executivos exercem influência.
Segundo os autores, gerenciar o tempo e as agendas representa uma das características mais importantes das responsabilidades de um executivo nas suas atribuições: estabelecer equipes de confiança e delegar tarefas. Em contrapartida, os dilemas sobre algo que pode ser feito ou pensado de forma diferente nessas dimensões, continuam presentes. E a pergunta é: como analisar e fazer a melhor escolha?
O estudo apontou que 61% dos entrevistados revelaram que gastam mais tempo no contato direto com as equipes. Essa interação permite ao executivo exercer influência e aprender o que realmente está acontecendo, para delegar e agilizar suas agendas. Ainda assim, os dados sobre o uso do tempo revelaram que executivos precisam aprender a gerenciar melhor a sua influência direta e indireta.
O estudo aponta que os executivos exercem influência baseando-se nas seis dimensões: Direta X Indireta (decisões e prioridade);
Interno X Externo (equipe e apoio); Proativa X Reativa (visão e propósito); Alavancagem X Restrições (influência e recursos); Tangível X Simbólico (decisão e valor) e Poder X Legitimidade (autoridade e resultado).
Ao examinar o papel do CEO foi identificado que cada uma das seis dimensões, envolvem uma dualidade – uma aparente contradição a que os autores se assemelham ao yin e ao yang – que eles devem gerenciar conjuntamente para serem eficazes.
Acessar esses domínios e ter consciência do que está em jogo, é um passo importante e um avanço na carreira de um CEO. Um pensar sólido depende não só da formação e experiência, mas do seu modo de agir.
Para treinadores e mentores, as dimensões propostas no estudo fornecem uma estrutura útil para analisar como os líderes gerenciam seu tempo.
No entanto, o principal benefício de estar atento à essas questões é o aumento da consciência. Isto, por sua vez, pode levar a melhores decisões sobre o uso do tempo e influência.
Por fim, orquestrar toda essa complexidade é uma tarefa que pode contar com o apoio de mentores como sounding partners, ou como alguém que agrega valor por meio de suas experiências e conhecimentos.
Nas próximas edições voltaremos nosso olhar para cada uma das seis dimensões.
Até a próxima!
Paulo Henrique Ferro
*Mentor, Coach, Mediador Organizacional e Consultor em DO no CEOlab.
paulo.ferro@ceolab.net