Possíveis objetivos de um programa de mentoria

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Por Ronaldo Ramos*

Com frequência recebo perguntas sobre os possíveis objetivos de um programa de mentoria e a melhor maneira de orientar um mentorado com relação a possibilidades e alcance de um programa de mentoria, seja ele parte de uma iniciativa corporativa ou individual.

A dúvida recorrente tem razão de ser, já que coaching e mentoria tendem a ser sinônimos na forma simplificada em que são tratados na mídia.

Um programa bem elaborado de mentoria pode ajudar o mentorado a acelerar seu aprendizado e desenvolvimento nas dimensões de habilidades, planejamento estratégico individual, networking e técnicas específicas:

Habilidades

  • Liderança
  • Formulação de problemas
  • Auto-confiança e postura no ambiente de negócios
  • Como organizar e expressar ideias e anseios
  • Política corporativa e estratégias de comunicação com pares, superiores e equipe sob supervisão direta

Planejamento estratégico individual

  • Estabelecer objetivos pessoais de curto, médio e longo prazos
  • Escolher hobbies em diversas fases da vida
  • Planejamento atuarial
  • Plano de desenvolvimento pessoal
  • Sucessão e novos horizontes

Networking

  • Expansão
  • Segmentação
  • Colaboração
  • Desenvolvimento e manutenção

Técnicas

  • Planejamento e estratégia
  • Finanças
  • Métricas (KPIs)
  • Modelos de negócios

Ronaldo Ramos
*Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net
www.CEOlab.net

Os 12 “sintomas” de que seu programa de mentoria vai bem… E a inequívoca indicação que você deve continuar

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Por Ronaldo Ramos*

1. Tanto o mentor quanto o mentorado aguardam com entusiasmo a próxima sessão… No CEOlab as reuniões de mentoria acontecem a cada duas semanas… Se você sente vontade de ir antes, mas ainda está se preparando, trabalhando nos “insights” anteriores e continua tendo ideias novas, a mentoria está funcionando. E deve perceber que seu mentor está no mesmo pique.

2. O mentorado sente o efeito transformador da mentoria… Na mentoria, as mudanças devem ser imediatas… Você deve sair de cada sessão energizado para realizar e experimentar coisas novas, que vão desde iniciar um novo projeto a fazer mentoria com seus pares e subordinados.

3. O mentorado realiza na prática o efeito transformador da mentoria… O mentorado que se familiariza e interioriza o processo adquire novas habilidades, testa novos caminhos e consolida seus pontos fortes, sempre com foco no resultado imediato.

4. O mentor faz mais do que simplesmente comparecer às reuniões… Seu mentor deve estar engajado, enviar e-mails perguntando como o progresso está acontecendo, indicar leituras, fazer sugestões sobre novas abordagens, enfim, você deve perceber que seu mentor está ligado nas suas questões.

5. Mentor e mentorado trocam feedbacks com frequência… A conversa flui, vocês trocam feedbacks, ajustam as discussões, retornam a temas que não tenham ficado claros, evoluem por novos caminhos.

6. O mentor e o mentorado se sentem à vontade para ter conversas difíceis… Quando o “bicho pegar”, os dois sabem que podem confiar e ter conversas que causam desconforto, saem do lugar comum e abordam temas que “incomodam”. Em outras palavras, existe legitimidade para abordar temas delicados.

7. O mentorado se sente à vontade para interromper e retomar o processo com naturalidade… Muitas vezes o processo de mentoria apresenta altos e baixos, momentos em que o mentorado precisa de mais tempo para digerir as descobertas, ou mesmo para aplicá-las de maneira consistente e observar resultados. Isso faz sentido, e o programa de mentoria precisa se adequar a estas condições. Não há nada de errado em se interromper o processo para uma retomada futura. O mentor também pode sugerir uma pausa para avaliação e reposicionamento.

8. Mentor e mentorado usam e abusam de role playing para experimentar novas estratégias… A ideia da experimentação constante deve estar sempre presente, pois o ambiente é de laboratório e as ideias precisam ser testadas em ambiente controlado para que as dificuldades apareçam. O role playing é uma excelente ferramenta!

9. Mentor e mentorado constróem uma dinâmica de mútuo aprendizado… O mentorado percebe que encontrou sua própria maneira de fazer as coisas, e que não precisa copiar o mentor…

10. Mentor e mentorado se divertem compartilhando erros e acertos… Aqui sim, entra o “fun” da mentoria, onde mentor e mentorado se apropriam dos desafios, das oportunidades, e da força do compartilhamento de experiências únicas mas inspiradoras.

11. Mentor e mentorado percebem a clara aceleração dos resultados positivos… Resultado, resultado, resultado, e quando necessário, reformulação do problema, pois a adaptação constante requer revisão e reposicionamento.

12. O mentor atua como mediador e facilitador em potenciais conflitos e ainda sugere rotas de atuação alternativas… Sim, muitas vezes, e especialmente quando o trabalho é realizado com uma equipe de sócios ou de diretores executivos.

Ronaldo Ramos
*Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net

Um resumo dos benefícios da mentoria – os dois lados da moeda

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Por Ronaldo Ramos*

Como já tivemos oportunidade de abordar em outros artigos, considero a mentoria como uma mistura de ciência e arte, onde o mentor procura inspirar, desafiar e orientar o desenvolvimento de seu mentorado (homens e mulheres CEOs e lideres de negócios) e se conecta para acelerar seu desenvolvimento, aconselha, compartilha conhecimento, erros e acertos, e sobretudo faz perguntas que estimulem a reflexão.

Considero de extrema importância a capacidade de criar um ambiente seguro e de experimentação, onde se estabelece um caminho de duas vias. O processo se torna referencial para a condução de outras relações no ambiente de trabalho e do engajamento nos objetivos e valores da organização caso haja convergência.

O trabalho entre mentor e mentorado objetiva a construção de uma relação de benefício mútuo. Constitui-se em uma parceria entre profissionais, um mais experiente e outro menos, facilitando o crescimento pessoal e profissional do mentorado. O mentor participa, ativo e interessado, no apoio do mentorado para que este atinja seu pleno potencial tanto no desempenho da função atual como nos aspectos pessoais, culturais e de futuro de carreira ou de visão de longo prazo. Também pode ajudar o lider, CEO ou acionista principal a imprimir mudanças culturais e estratégicas para agregação de valor ao negócio.

Neste processo também há ganhos para o mentor, no sentido em que ele possa se envolver no desenvolvimento de alguém, e em direção que permite que ele revisite e compartilhe suas habilidades e experiência, expondo-se também a questionamentos e desafios por parte do mentorado.

Para o mentorado, os benefícios mais comuns são a oportunidade de acesso a alguém que possa fornecer aconselhamento e encorajamento baseado em experiência e referência, conquistar melhores habilidades e conhecimento que podem se transformar em melhores oportunidades de carreira, usufruir de um ambiente onde se podem avaliar sucessos e fracassos, e onde objetivos novos venham a ser identificados. Sem contar as inúmeras dicas sobre o ambiente corporativo e a cultura de distintas organizações!

Os conceitos de inspiração e disciplina estão sempre presentes, juntamente com técnicas de formulação de problemas, validação, diagnósticos e identificação de áreas de conhecimento que serão necessárias no encaminhamento de soluções.

Outros benefícios encontrados frequentemente são o estímulo a utilizar talentos e experiência, compartilhar conhecimento, melhorar a autoconfiança, fazer suas próprias escolhas, o acesso a novas redes profissionais e melhoras em seu repertório geral, horizontalizando o conhecimento e as práticas.

Um caminho que vale a pena experimentar!

Ronaldo Ramos
*Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net

O dilema da adaptabilidade

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Por Ronaldo Ramos*

Em recente artigo publicado no site do World Economic Forum, escrito por Stéphanie Thomson Editor, World Economic Forum, discute-se o resultado de uma pesquisa que mostra que pelo menos 35% das habilidades que as empresas procuram em seus colaboradores serão diferentes daqui a 5 anos.

Como então podemos nos preparar para acompanhar essa mudança contínua de demandas por novas e mais complexas e integradas habilidades, e qual seria o perfil de um programa de auto-desenvolvimento em tempos onde a incerteza é grande e a vontade de engajar-se de forma duradoura em uma empresa ou ambiente de trabalho é cada vez menor e menos previsível?

Em particular, continuo acreditando na mentoria como ferramenta-chave para acompanhar e acelerar esse desenvolvimento profissional em torno não só de carreiras dentro de empresas no modelo tradicional mas também na crescente vontade dos jovens de decidir e comandar seu próprio futuro tomando ações que façam mais sentido dentro de uma perspectiva mais humanista e onde o capitalismo e o liberalismo são cada vez mais desafiados como sistemas autocráticos, dominadores e injustos.

A autora do artigo falou com 5 experts do Forum’s Young Global Leaders community para obter a opinião deles, partindo da premissa de que o ciclo “estudo/trabalho/aposentadoria” está sendo substituído por outro mais complexo e diversificado.

Eu mesmo posso testemunhar que meus caminhos profissionais procuram adiar este ciclo e postergar a aposentadoria; como um colega de faculdade comentou hoje comigo, o lema “Learn and Return”está mais vivo do que nunca. A cada processo de mentoria que participo, sob a premissa de que tenho experiência a compartilhar, percebo que aprendo mais e que fico ainda mais ansioso por compartilhar o novo aprendizado, formando assim um ciclo que se renova e se atualiza enquanto for possível.

O artigo menciona ainda o depoimento do ministro da educação argentino – espera-se que uma criança hoje, ao longo de sua vida profissional, possa vir a trocar de trabalho no mínimo sete vezes e também que 5 deles ainda não existem. Portanto, novas habilidades começam a ser incluídas nos currículos escolares, como empreendedorismo e programação de computadores.

Sabemos também da importância que as empresas voltem a reativar seus programas de estágio e trainees, agora procurando por especialidades como programação, estatística, matemática aplicada, resource planning e sobretudo capacidade analítica crescente devido ao grande volume de dados disponibilizado diariamente. O conhecimento depende da capacidade cognitiva de transformar dados em informação relevante para o processo decisório e adaptativo.

Uma rara combinação de habilidades de relacionamento humano e técnicas será o grande desafio a ser vencido, já que nossos modelos de educação tendem a privilegiar um ou o outro.
Outros conceitos ainda mais profundos costumam associar que o profissional deve a partir de agora desenvolver uma educação voltada para os dados combinada com grande capacidade de se conectar empaticamente com outros indivíduos, sejam clientes, stakeholders ou colegas de trabalho.

Parece que todos de certa forma anseiam por esse profissional super qualificado em todas as dimensões do conhecimento humano e científico, um idealizado super ser humano do futuro e que as previsões tendem a ignorar as fraquezas e os distúrbios mentais que se configuram de forma crescente em nossa sociedade.

Mais e mais parece-me que a maneira de enfrentar e adaptar-se a essa nova demanda trazida pela sociedade dos dados, do compartilhamento e da busca por justiça social deverá ser a de criarmos espaços de apoio mútuo e de networking onde a solidão na tomada de decisão e o compartilhamento de novos e significativos conteúdos estejam presentes e mitigados.

Recomendo a leitura do artigo e a reflexão sobre qual tipo de mentor você vai escolher.

Ronaldo Ramos
*Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net