É preciso liderar a distribuição do futuro

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Por Ronaldo Ramos*

“O futuro está aí – só não está plenamente distribuído.” A frase do visionário William Gibson, autor da trilogia Sprawl – que inspirou os filmes Matrix –, é motivo extenso para debate independentemente da época. Em nossa realidade, pode significar a redistribuição, em um cenário de consumo excessivo e recursos naturais escassos, no qual o compartilhamento das riquezas e bens torna-se fundamental para a prosperidade do planeta e da humanidade.

A ficção retratou a queda da Nação como modelo, pessoas modificadas por próteses de membros ou biochips, cidades inteiras situadas em órbitas espaciais, lutas pelo poder entre grandes corporações e uma espécie de alucinação coletiva digital, a Matrix, acessada por computadores, na qual a humanidade inteira está conectada. Uma sociedade movida a prazeres e totalmente dominada por máquinas criadas exclusivamente para produzir ilusões de que uma nova vida, aquela utopia que sonhamos, pode ser vivida.

As lideranças do mundo dos negócios, da política, do terceiro setor, de sindicatos ou de grupos comunitários têm um papel decisivo no desempenho de suas organizações. O posicionamento que assumem perante a sociedade e diante de assuntos polêmicos, a forma como interagem com as pessoas, o tempo de resposta diante de uma crise iminente são alguns dos fatores que podem ser decisivos para a formação da reputação e da imagem de uma instituição.

A partir de uma análise etimológica, entretanto, descobrimos que um líder, além de assumir a responsabilidade por determinado setor ou atividade, é também uma pessoa que exerce influência sobre o comportamento, o pensamento ou a opinião das pessoas – para o bem ou para o mal. E isso passa, inevitavelmente, por uma boa comunicação.

Segundo Harsey, 1986, a partir da concepção do homo social, surgiu a necessidade de um líder que facilitasse a relação das pessoas no grupo e que orientasse o grupo no alcance dos objetivos organizacionais. O líder passou, então, a concentrar-se nas necessidades das pessoas enquanto seres sociais, como forma de atingir as metas da organização.

“Há que se considerar, também, que os acontecimentos dramáticos que se observa universalmente, quer se trate da deteriorização da condição física, psíquica e cultural de grande parte da humanidade, da violência, dos conflitos que minam todos os patamares da sociedade, das ameaças que planam sobre o equilíbrio ecológico e do globo e do estado de confusão que reina ao nível dos valores morais e éticos, exigem imperiosamente que nos interroguemos, com maior rigor, sobre as consequências do triunfo do economismo de vista curta e sobre as finalidades da empresa, instituição que acabou por se transformar no pivô em torno da qual todas as outras instituições gravitam.”
Alain Chanlat

Nunca precisamos tanto de solidariedade como agora, e de que forma o CEO pode fazer o seu trabalho de maneira consistente? Preservar mercado? Manter os consumidores dentro de determinadas faixas de poder aquisitivo? As responsabilidades do CEO se confundem com as do cidadão e, portanto, não podemos mais abrir mão de considerar diversos parâmetros durante a elaboração dos planos estratégicos.

Normalmente, nos preocupamos muito com a qualidade da informação e do conteúdo acadêmico de nossos ciclos de planejamento estratégico e de execução em busca de excelência operacional. Esquecemos de refletir sobre a qualidade do elemento humano que vai desenvolver o planejado e suas diversas dimensões de percepção na vida e no trabalho.

Na sustentabilidade, o ciclo de vida do produto é apenas um dos elementos. E os outros? Por quanto tempo os efeitos colaterais da produção e do uso do produto permanecerão? E de seus resíduos? E os efeitos sobre os consumidores e empregados? Sou dono ou inquilino? Do Planeta? Do País? Da comunidade onde vivo? Das comunidades de consumidores e colaboradores? Dos vizinhos?

Líderes empresariais e intelectuais sofisticados já sabem disso; começam a surgir elementos promissores de um novo modelo. Ainda não temos, no entanto, um marco geral para nortear essa iniciativa — e a maioria das empresas continua presa a uma mentalidade de “responsabilidade social” na qual questões sociais estão na periferia, não no centro.

Recente pesquisa da universidade de Georgia, nos Estados Unidos, mostra que 25% dos lucros de uma empresa podem ser atribuídos à gestão do CEO. Nos anos 1960 e 1950, esse número ficava entre 6% e 8%. Mas quais aspectos tornaram maior a importância do CEO?

Em primeiro lugar, mesmo em um ambiente de negócios onde o conselho e outros altos executivos têm influência crescente, o CEO dá o tom da organização e tem o poder de decisão de contratar ou reter profissionais-chave. Hoje, ele também pode promover mudanças importantes em questão de semanas. Há 50 anos, o mundo não se movia com tamanha velocidade. Aliado a isso, a tendência de diminuição dos níveis hierárquicos favoreceu a rapidez da tomada de decisão dentro da organização.

Outro aspecto é a estrutura de remuneração para altos executivos, que incentiva o risco. Isso encoraja os CEOs a tomarem muitas decisões, na esperança de serem recompensados por uma boa remuneração variável. A pesquisa, de autoria do professor de administração Tim Quigley, analisou o desempenho de companhias americanas nos últimos 60 anos. Foram isolados aspectos como as condições econômicas do período, diferenças entre setores e o histórico de cada empresa.

O capitalismo é um veículo inigualável para a satisfação das necessidades humanas, o aumento da eficiência, a criação de emprego e a geração de riqueza. Só que uma concepção estreita do capitalismo impediu que a atividade empresarial explorasse todo seu potencial para enfrentar os grandes desafios da sociedade. As oportunidades sempre estiveram aí, mas foram negligenciadas.

Zygmunt Bauman no seu trabalho Modernidade Líquida (2001) faz um pertinente estudo das transformações de nossa época e que passaria da “solidez” de um capitalismo “pesado” para a fluidez de um capitalismo “leve” que movimenta os moinhos do hiperconsumo. As metáforas entre “sólido” e “líquido” são muito mais profundas do que aparenta, sendo possível criar uma distinção entre estes dois momentos díspares.

O consumo colaborativo baseia-se em um conceito simples: alavancar valor de ativos que não estão sendo totalmente explorados por seus donos. Um dos programas de pesquisa da University of Innsbruck busca identificar modelos de negócio inovadores enquanto é criado valor para a comunidade. Nesse contexto, estudou o compartilhamento de ativos, o que foi a base para o artigo do MIT Sloan Management Review sobre o tema.

Sem dúvida um conceito com menor foco no consumo e maior foco na troca tem um impacto reduzido nos recursos naturais, tornando-o um negócio que contribui para a sustentabilidade. Isso mesmo, o conceito é explorado como um negócio e, portanto, pode tornar-se uma oportunidade para empresas e investidores.

De acordo com o artigo, uma pesquisa da PricewaterhouseCoopers revelou que o mercado global de produtos e serviços compartilhados, ou de consumo colaborativo, poderá chegar a US$ 335 bilhões em 2025. Além disso, esse mercado tem apresentado um rápido crescimento nos últimos anos.

As consequências de meus atos serão por mim acompanhadas pelo período médio atual de 100 anos de idade, sendo ativo na carreira até, quem sabe, 75 ou 80 anos. Meus conhecimentos e minha qualidade de execução precisam abranger esta longevidade, mesmo sendo o CEO à frente de uma organização por um tempo infinitamente menor, em torno de 5 anos mais ou menos. Em vista disso, quem é o planejador e o que ele considera como seu horizonte?

*Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net

Menos privacidade em prol do coletivo

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Por Ronaldo Ramos*

A segurança, a comunicação, o transporte, a saúde e o trabalho – multidisciplinar e multicultural – em equipe dependem de algo em discussão constante pela sociedade: a falta de privacidade. É um paradoxo dos tempos atuais. Deixamos nossa residência e somos monitorados por câmeras públicas e privadas. Estamos registrados no mundo digital detalhadamente. E a biometria surgiu como o mais recente passo da tecnologia para autenticar nossa identidade.

Podemos questionar até que ponto o direito à privacidade individual interfere na garantia de proteção dos cidadãos e sua evolução, por conta de uma vigilância exercida por agentes muitas vezes desconhecidos. A sociedade sempre em observação foi preconizada pelo escritor inglês George Orwell no livro “1984”, publicado em 1949, que inspirou o título do reality show Big Brother. Apesar da abordagem futurista do autor considerar o controle da população por parte de um Estado totalitário, que reescreve a própria história e distorce fatos a seu favor – em que a individualidade e a liberdade de expressão são impossíveis –, vemos a mesma falta de privacidade ser fundamental e, por vezes, até benéfica em muitos aspectos nas sociedades democráticas nos dias de hoje.

Muitas vezes, são as imagens de câmeras de segurança que possibilitam a resolução de crimes e a punição de seus responsáveis. Hoje, temos uma “vigilância aprimorada” –descrita por Foucault na obra Vigiar e Punir. A noção de crime e seus correlatos provêm da organização das sociedades em modos diversos e crescentes ao longo do tempo, com o desenvolvimento de sua complexidade.

Londres, por exemplo, utiliza câmeras de circuito fechado de TV (CFTV) há anos para monitorar as ruas da cidade, o que permite aos policiais andarem pelas ruas sem portar armas de fogo. Nas 52 estações de metrô de São Paulo, a maior rede metroviária do Brasil, são quase cerca de 900 filmadoras instaladas para vigiar os passos dos usuários. No Rio de Janeiro, estima-se que aproximadamente 700 mil equipamentos gravem o cotidiano dos cariocas nas ruas, prédios, condomínios, bancos, supermercados etc. O que nos difere dos confinados do Big Brother é que, no Brasil, ainda não existe um sistema que agrupe todas essas imagens e informações.

Nem as crianças estão livres dos olhos de terceiros. Se antes uma babá eletrônica rudimentar resolvia o problema dos pais, hoje mãe tranquila é aquela que pode vigiar seus filhos quando quiser. Muitas escolas possuem câmeras para o acompanhamento dos pais pela Web. E filmadora em casa flagra absurdos, como uma babá que espanca o bebê, ou permitem interação remota com filhos para reduzir o estresse e a distância.

Sistemas de monitoramento existiam antes mesmo dos serviços de localização via satélite. Os celulares com tecnologia digital há muito podem ser rastreados pelas empresas de telefonia. É possível traçar um mapa do trajeto do usuário. O mesmo acontece com os cartões de crédito. Informações como renda, endereço e preferências pessoais do cliente, como os hábitos de compra por cartão de crédito passam a fazer parte do Big Data. Mesmo sem a garantia de que seus dados estão a salvo de hackers, as pessoas parecem dispostas a perder sua privacidade em nome de diversos benefícios, como segurança, facilidade de locomoção, acesso a entretenimento e saúde.

Comunicação

Indiscutivelmente, geramos quintilhões de dados por dia e estamos sob constante vigilância. O Facebook e o Google armazenam informações sobre seus usuários. Big Data, social media e algoritmos preditivos abrem um novo campo de discussão sobre privacidade. Uma empresa pode usar a imensidão de dados que dispõe sobre seus clientes para uma promoção que melhora significativamente a experiência dos consumidores, ou para prever tendências ainda não detectadas por outros métodos tradicionais de pesquisa de comportamento e intenção de consumo.

Na prática, qualquer um pode bisbilhotar a vida alheia. No entanto, os profissionais e as corporações dependem do tráfego de informações individuais e conjuntas para a divulgação e propagação de suas ações. Hoje, a principal mídia, sem dúvida, é a Internet. E estar fora de redes sociais como Facebook e LinkedIn significa abrir mão de inúmeras oportunidades de negócios e trabalho.

Mesmo assim, o Facebook perdeu mais de três milhões de usuários adolescentes – de 13 a 17 anos – entre 2011 e 2013, segundo pesquisa divulgada por uma empresa de consultoria em estratégia de tecnologia nos Estados Unidos, principalmente devido à vigilância por parte de familiares. Outro estudo feito pela University College of London (UCL) no final de 2013 mostrou que, na Europa, os jovens de 16 a 18 anos estavam migrando para outros aplicativos de troca de mensagens instantâneas, como o WhatsApp, por se sentirem menos expostos e mais direcionados.

As vantagens de ferramentas como o Facebook são inúmeras, e a facilidade de uso é muito grande. O que seus usuários precisam é estar atentos às características, para tirar o devido proveito da exposição e ter cuidado com a parametrização de uma privacidade adequada. Além disso, diante da perda de contas, é provável que o Facebook melhore ainda mais a abordagem para a segurança da rede.

Trabalho em equipe

Equipes virtuais precisam se organizar para promover produtividade. Quando uma pessoa é inserida no mundo corporativo, recebe diversos acessos para os sistemas e recursos necessários. Se por um lado o indivíduo ganha mobilidade, flexibilidade de horários de trabalho e possibilidade de trabalhar enquanto compartilha da companhia de familiares ou amigos, economizando energia no transporte e gastos com infraestrutura nos ambientes corporativos, esse fator dificulta a vida de usuários, que precisam administrar cada vez mais senhas corporativas, além das suas próprias, que vão desde o desbloqueio de smartphones até contas bancárias. Por isso, o mercado tecnológico vem mudando conceitos.

Um dos novos métodos adotados é a tecnologia de biometria, que permite acesso às informações por meio de sua digital, reconhecimento facial ou de íris – até mesmo para pagamentos. Isso gera uma sensação de segurança e, ao mesmo tempo, elimina a necessidade de memorização de senhas complexas. De qualquer forma, abrimos conscientemente mão da privacidade em troca da conquista de novas possibilidades e conforto.

Organização

A cidade de Boston fechou parceria com o app Waze, do Google, para coletar dados inseridos pelos usuários e utilizá-los no planejamento do tráfego para diminuir os engarrafamentos. São ações pontuais, como modificar o tempo de mudança dos sinais de trânsito em horários de muito movimento.

Os dados fornecidos pelo aplicativo já foram usados em um projeto por meio do qual os usuários podiam sinalizar onde havia carros parados em fila dupla, e o departamento de trânsito enviava agentes para advertir sobre a infração. O impacto na fluidez do trânsito foi enorme, o que deve dar origem a outras iniciativas semelhantes.

A grande tendência em certificação de identidades é o uso de tecnologias para a leitura biométrica da íris e da retina, duas informações que são únicas em cada ser humano e não podem ser fraudadas. As máquinas que fazem esse tipo de reconhecimento conseguem reproduzir imagens dos olhos em altíssima resolução e comparam as informações com um amplo banco de dados. A autenticação da íris é a usada em maior escala no mundo e tem sido apontada como a mais eficiente leitura biométrica.

Fortalecer as relações humanas é fundamental para tornar as equipes virtuais mais produtivas nas empresas, os cidadãos mais participativos na sociedade e os indivíduos conscientes ao administrar sua vida pessoal. Esse é o desafio da era tecnológica, em que a opinião tem espaço, mas a privacidade tornou-se um conceito dúbio, que também precisa ser constantemente vigiado. Em outras palavras, o poder agora se concentra fundamentalmente na disposição para a transparência – para o compartilhamento não só de informação, mas também das perguntas e inquietudes que nos movem para o entendimento da profunda conexão que existe entre seres humanos e o planeta em que vivemos. Um futuro cheio de surpresas e grandes transformações!

*Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net

Como e porque criar um projeto editorial

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Por Alex Anunciato*

Um projeto editorial é um documento que apresenta as orientações do seu produto editorial, que pode ser um jornal, site, blog, revista, canal no YouTube ou o que a sua imaginação mandar. Esse documento descreve qual será o tom de voz utilizado, quais editorias e temas você pretende destacar e todas as demais informações sobre o que irá escrever e como. Serve tanto para um projeto individual quanto para um projeto coletivo, no caso de uma revista com diversos colaboradores.

Existem muitas vantagens de planejar e desenvolver com carinho o seu projeto editorial. Dentre as quais, destaco:

  • Maior clareza e foco da linha editorial (o que fortalece seu projeto, possibilidades de parcerias, negócios etc.);
  • Facilidade de trabalhar em equipe (uma vez que toda linha editorial já foi planejada e está tudo documentado);
  • Fidelidade do seu público-alvo (que, a partir da sua coerência e relevância, se torna um seguidor fiel das suas publicações).

Estes são alguns dos elementos que podem ser adotados na definição de um projeto editorial:

Nome da publicação
“Revista Biotech” (exemplo fictício).

Objetivo
Defina a missão da sua publicação:
“O objetivo é fazer uma abordagem didática e informativa sobre avanços, inovações e desafios relacionados a biotecnologia, bioética e biohacking.”

Público-alvo
Quanto mais claro for quem é seu leitor mais bem dirigida será a publicação:
“A publicação é direcionada ao público empreendedor e universitário paulista, de todos os gêneros, na faixa etária entre 18 e 30 anos.”

É claro que você pode escolher falar com pessoas de todo o Brasil e até de todo o mundo. Vale lembrar que quanto mais você fecha o seu foco, dentro de um nicho específico, mais forte fica nesse segmento e isso aumenta a empatia com o seu público, aumenta suas possibilidades de parcerias etc.

Política editorial
Como pretende alcançar seus objetivos:
A “Revista Biotech” visa a tornar temas como biotecnologia, biohacking e bioética mais atraentes para o público universitário e jovens empreendedores. A abordagem se dará pela ótica da geração de negócios e inovações. Seus conteúdos serão objetivos e, sempre que possível, apresentados com relatos de caso reais.

Tom de voz
Defina a Persona: se sua publicação fosse uma pessoa, como ela seria?
(Curiosa? Amável? Fria? Descontraída? Essencialmente técnica?).
Defina a Linguagem: simples, informal e divertida ou mais complexa, formal e séria?
Sua voz reflete seu objetivo inicial? (Nesse caso: ensinar e informar).

Editorias ou Seções
Defina as principais seções da sua publicação. Sobre quais temas pretende falar com mais frequência?
Seguindo o exemplo, uma revista (site ou blog) poderia ter as seguintes seções: Genética, Biotecnologia, Bioética, Biohacking e ainda uma área de Entrevistas ou um Tutorial.

Periodicidade
Qual será sua frequência de publicação?
Pode ser mensal, bimestral (com artigos extensos e bem elaborados) ou pode ter vários posts diários com rápidas notas sobre o que acontece de mais relevante nesse universo.

Além disso, você deve dedicar uma atenção especial às mídias sociais, que possuem picos de audiência em determinados dias e horários. Publicando na hora certa você tem mais chances de impactar pessoas e tornar seu conteúdo conhecido.

Canais de publicação
Em quais plataformas sua publicação se fará presente?
Será uma publicação impressa? Terá um site e blog?
Presença em redes sociais? Em quais redes sociais? Com que frequência?
Será possível acessar com facilidade seus conteúdos pelo celular?
Você usará as novas mídias apenas para replicar conteúdos da mídia original ou irá trabalhar de forma integrada e complementar?

Para fazer um melhor uso dos meios digitais, lembre-se que nesses canais tudo pode ser medido e melhorado continuamente. Ferramentas de análise de tráfego (como Google Analytics e Facebook Insights, dentre outras) podem lhe dizer quais dias e horários de publicação estão trazendo mais ou menos resultados para o seu projeto. Faça suas experiências.
Concluindo, todas as escolhas realizadas estão alinhadas o objetivo da sua publicação e as características do seu público-alvo? Lembre-se que o objetivo do seu projeto editorial é estabelecer identidade.

Quando você planeja e define com antecedência todos esses aspectos, cria uma uniformidade no projeto editorial e isso reflete mais profissionalismo e consistência em todos os seus conteúdos.

*Consultor de Marketing e Comunicação Digital
anunciato@gmail.com

A experiência da Exelis com mentoria

Man jumping with joy

Por Ronaldo Ramos*

David F. Melcher CEO e presidente da Exelis, uma empresa global do setor aeroespacial, de defesa e de soluções de informação, e A. John Procopio, VP da área de Recursos Humanos da mesma empresa, relatam uma interessante experiência sobre a implantação de um programa de mentoria onde os mentores foram escolhidos entre os conselheiros de administração da própria empresa.

“Pergunte a uma pessoa de sucesso qual foi a força mais influenciadora em sua vida, e você provavelmente ouvirá a história de uma pessoa que se interessou pelo desenvolvimento pessoal e proporcionou mentoria, ensinamentos, aconselhamento e apoio. Relacionamentos como estes são frequentemente uma questão de oportunidade. Algumas pessoas encontram mentores, outras simplesmente não. Mas talvez um enfoque sistemático possa eliminar o fator aleatório e garantir que líderes recebam a mentoria que precisem, e que mereçam”.

Os benefícios da adoção do programa de mentoria são descritos com clareza pelos dois executivos:

Melhor performance individual – os mentorados demonstraram maior comprometimento, lealdade e produtividade;

Melhor mentoria na empresa – muito mentorados entenderam o programa e a atividade e iniciaram um processo de disseminação interna da mentoria;

Melhor governança – a possibilidade de transferir conhecimentos adquiridos, juntamente com o processo de mentoria, que aproximou o Conselho e os executivos da empresa, alinhando estratégias e ações;

Maior confiança entre os colaboradores, alterando a cultura de gestão por meio de comunicação franca e direta;

Mas nem tudo foi fácil na implantação deste programa, a julgar pelas reações iniciais de alguns executivos – os mentores irão se comprometer com o programa? Teremos suficiente flexibilidade em nossas agendas para acomodar as reuniões? Haverá entrosamento entre mentor e mentorado? Quem deveria dirigir o processo de mentoria? O que acontece se o mentorado discordar das recomendações do mentor? E se o mentorado não gostar do mentor?

Para endereçar estas legítimas questões a Exelis adotou várias práticas de trabalho e chegou a um acordo sobre as condições fundamentais para que a iniciativa de mentoria funcionasse.

Os resultados foram surpreendentes:

• Os mentorados se beneficiaram enormemente do programa, pois disseram que aprenderam muito e cresceram por meio da mentoria, e em particular por terem mentores que ouviam, ensinavam e motivavam a assumir mais e novos desafios.
• Os mentores desafiaram seus mentorados enquanto os ajudavam a desenvolver autoconfiança, os aconselhavam em seus problemas e agiam como modelos de referência.
• Os mentorados ganharam contatos pessoais importantes por meio de seus mentores e obtiveram experiência de muito valor ao observar seus mentores em ação e aprender sobre suas estratégias pessoais.

Os mentores também tiveram ganhos importantes, pois tiveram a oportunidade de praticar suas habilidades de mentoria e se sentiram úteis e importantes ao transferir conhecimento e experiência fazendo diferença na vida de seus mentorados. Também aprenderam novas técnicas e se modernizaram com seus pupilos.

Outras empresas de diferentes tamanhos também vêm adotando programas de mentorias com sucesso, e os mais comuns ainda são aqueles contratados por donos e sócios de empresas familiares de diferentes portes, onde a sucessão, o crescimento sustentável e a adoção de novos modelos de negócios e de governança sejam vistos como fator crítico de sucesso.

*Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net

O conceito CEOlab de mentoria

Mentoring - Business Concept

Por Ronaldo Ramos*

Mentoria é a arte de inspirar, desafiar e dirigir, desenvolvendo a confiança mútua entre mentor e mentorado no sentido do aprimoramento para a tomada de decisões bem informadas e com riscos calculados, e de contribuir para a criatividade e o pensamento estratégico.

Mentoria é a arte de desenvolver alianças, catalisar, ensinar, aconselhar, apoiar o desenvolvimento e a execução de planos, criar ambientes seguros para o aprendizado, ser referência, contar histórias.

Mentoria é a arte de compartilhar conhecimento, experiência, sabedoria, com habilidade para fazer as perguntas certas, de forma investigativa, empática e respeitosa.

Mentoria é a arte de estimular e energizar o mentorado a explorar suas conclusões e aprender a partir de experiências próprias, em um processo seguro e protegido da exposição ao mundo exterior.

Mentoria pressupõe o uso de várias ferramentas específicas, como coaching, treinamento, direcionamento, motivação, aconselhamento e, sobretudo, permite que o executivo ou sócio desenvolvam seu próprio processo de aprendizado, com um programa focado na aceleração deste aprendizado e em um objetivo concreto, ligado ao desempenho de uma responsabilidade profissional específica.

Difere do coaching em muitos aspectos, pois enquanto este se baseia na psicologia e nas ciências do comportamento e não necessariamente é aplicado por alguém que esteve na linha de frente de um negócio, a mentoria compreende um processo abrangente, holístico, baseado sobretudo na noção de que o mentor demonstra comprovado sucesso em funções semelhantes às do mentorado e tem uma compreensão interdisciplinar e intercultural das questões a serem abordadas.

O mentor entende com precisão o sentimento de solidão que muitos enfrentam ao atingir posições de liderança em seus negócios, pois conviveu com este mesmo sentimento ao longo de sua carreira.

No CEOlab o trabalho de mentoria tem apoio em três pilares:

1. Diagnóstico, formulação e validação – O primeiro e mais relevante passo em direção à solução é a formulação do problema. Nesta fase várias ferramentas e processos são utilizados:

a) Estimular o mentorado com perguntas e reflexões que o levem ao diagnóstico e à causa raiz de uma questão ou desafio, seja de ordem política, técnica, comportamental ou de liderança;
b) Manter disciplina e foco para otimizar o uso de recursos;
c) Evitar gastos com tentativas de usar ferramentas conhecidas, preferidas e dominadas em zona de conforto, porém inadequadas;
d) Para identificar os melhores meios para a solução do problema, não restringimos nosso trabalho a receitas definidas “a priori”, preferindo alavancar o conhecimento por meio do compartilhamento de experiências entre os mentores;

2. Conversa investigativa, empática e respeitosa – seres humanos têm histórias e expectativas próprias que precisam ser entendidas com clareza e alinhadas ao momento da empresa, dos sócios e do CEO. A conexão do mentor com seus clientes e a mútua confiança são essenciais para o sucesso da mentoria.

O respeito às conquistas individuais e coletivas é um valor inegociável, nem todos querem as mesmas coisas. No caso de uma empresa familiar, por exemplo, o fundador costuma ser uma fonte inesgotável de conhecimento e sabedoria que precisa continuar se desenvolvendo, seja na função que ocupa ou na transição para a sucessão. Já a dinâmica do relacionamento na mentoria e a visão de futuro e necessidades específicas podem variar e requerem do mentor ouvidos atentos para captar sinais importantes – novas habilidades necessárias para enfrentar novos tempos, novos mercados, novas expectativas?

3. Pensamento horizontal e experiência específica, interdisciplinar e intercultural – o mentor precisa ter experiência comprovada em posição de liderança, equivalente à do mentorado, principalmente na liderança e na gestão de equipes multidisciplinares e multiculturais, pois a mentoria precisa estar aliada à visão e aos processos – produção, finanças, estrutura legal e societária, mercados e relações internacionais. Construir consenso, ambiente colaborativo, motivar o desenvolvimento e permitir o pensamento “dentro e fora da caixa” é essencial.

* Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net

A competitividade dentro das nossas empresas

Image courtesy of Ambro at FreeDigitalPhotos.net

Image courtesy of Ambro at FreeDigitalPhotos.net

Por Ronaldo Ramos*

No último artigo, conversamos bastante sobre a competitividade do mercado em geral. Agora, gostaria de falar um pouco sobre alguns setores que estão perdendo mercado e também a questão da competitividade com a perspectiva interna das empresas.

A situação da indústria do alumínio hoje exemplifica a perda de competitividade de um setor que já foi responsável por significativa participação na balança comercial brasileira e pelo desenvolvimento de uma importante cadeia de valor, que se inicia na geração de energia e na mineração e termina em meios de transporte exportados para o mundo todo.

Possui ainda ramificações nas indústrias de embalagens, construção civil, transportes, transmissão de energia e com apelo enorme de sustentabilidade pela capacidade de reciclagem que o metal tem.

Nos últimos 15 anos, o custo da energia para a indústria passou de 16.7 dólares por MWh para 61.2 dólares por MWh, passando por um pico de 80.7 dólares por MWh.

Um aumento assustador para qualquer setor que seja altamente dependente de uma matéria prima!!! Aproximadamente metade desse custo é composta por tributos de diferentes naturezas.

Nesse mesmo período, a produção brasileira de metal primário caiu do nível de 1.4 milhão de toneladas por ano para algo em torno de 500 mil toneladas. A diferença necessária para equilibrar o consumo interno, a ser obtida por meio de importações, poderá provocar uma profunda transformação nessa indústria.

A competitividade brasileira da cadeia de valor do alumínio está sendo brutalmente afetada e alguns setores poderão desaparecer nos próximos anos. Alguns já desapareceram, como o setor de aparelhos de ar condicionado. Perdemos volume, mercado, custo e o acesso às tecnologias de alto valor agregado quando se fala em redução da emissão de gases efeito estufa, por exemplo.

Precisamos como empresários, desenvolver agilidade estratégica e habilidade multicultural, trabalhando sempre com planejamento detalhado que inclua cenários alternativos locais e internacionais e, simultaneamente, na preparação para atuar e modificar planos rapidamente. Não quero aqui justificar a cultura do improviso, mas justamente o contrário! Em tempos de mudanças, todo o planejamento é pouco!

Há setores brasileiros que também experimentam estagnação geral por conta da publicação de marcos regulatórios imprecisos ou sem consulta à sociedade como um todo que aumentam a percepção de risco país e acabam empurrando investimentos estrangeiros para outras praias mais previsíveis… Como por exemplo, o setor de mineração e, em certa dose, o setor de óleo e gás. Perdemos competitividade na capacidade de atrair novos investidores por gerarmos insegurança no investidor e dificuldades burocráticas e tributárias muitas vezes vistas como absurdas por outras culturas.

Passemos agora a pequenos comentários sobre como nos organizamos para fazer negócios com outros povos…

– Nossa associação ao Mercosul, se por um lado garante bom relacionamento comercial com nossos vizinhos mais próximos, por outro lado torna nossa vida mais difícil quando se trata de estabelecermos acordos bilaterais de comércio e cooperação com países que teriam muito a contribuir com nosso desenvolvimento.

Muitos potenciais investidores estrangeiros se perguntam por que o Brasil ainda não se convenceu a buscar ou não logrou assinar um acordo bilateral com países como o Canadá, que certamente têm muito em comum conosco, a começar pela longa história de investimentos e trocas comerciais em várias áreas. Para compensar essa distorção, consultores se especializam em “match making”, ou seja, na busca e aproximação de empresas que tenham objetivos complementares ou que apresentem importantes sinergias de cooperação, apesar das dificuldades burocráticas que o Brasil apresenta.

Procuram encorajar potenciais investidores estrangeiros a entender o nosso ambiente de negócios, e prepará-los para os choques inevitáveis, como a burocracia e a saga de abrir uma empresa!!! São 60 dias de infortúnio e purgatório! Uma ajuda ainda mais eficaz é criar a oportunidade para conversas com aqueles empresários que foram bem sucedidos na empreitada, indicando quais são os caminhos a percorrer.

Com relação às nossas empresas, o que podemos fazer para aumentar nossa competitividade e nossa produtividade?

Em primeiro lugar, valorizar a qualidade e a capacidade de engajamento de nossa mão de obra, cuidando dos elementos fundamentais:
– saúde ocupacional, segurança, higiene, meio-ambiente e ambiente de trabalho. Parece mais custos e mais investimentos, mas posso dizer que os retornos são impressionantes! Produtividade começa aqui, quando mostramos sinceramente aos nossos colaboradores que nos preocupamos genuinamente com eles e que lideramos pelo exemplo e não pela transferência da responsabilidade… O retorno vem em maior engajamento, menor turn over, menor absenteísmo, capacitação crescente, e melhoria do ambiente de trabalho, além de um importante fator de relacionamento com comunidades por conta da influência positiva sobre as famílias de empregados e contratados.

Em seguida, investindo na melhoria contínua, no aprimoramento das práticas de gestão, e na flexibilidade dos contratos de trabalho. Precisamos e devemos ser criativos aqui, e ter capacidade de trabalhar junto às comunidades e stakeholders que, de fato, fazem a diferença.

Benchmark, benchmark, benchmark… Quanto mais, melhor! Todos os dias, não só internamente – se tivermos mais de uma unidade de operações -, como externamente, no Brasil e no mundo. Humildade para aprender e compartilhar, dentro dos limites da ética e da legalidade.

Planejamento robusto e disciplinado, que inclui até a busca do autoconhecimento dos líderes das empresas.

Representatividade do setor… Nem precisamos falar muito sobre isso, mas continua um fator-chave.

Ética na condução dos negócios, e no relacionamento com parceiros dentro da cadeia de valor… Precisamos entender claramente o lugar que ocupamos na cadeia e como melhor podemos nos apropriar do valor que geramos.

Melhoria de processo, melhoria da qualidade, segurança na comunicação com stakeholders, expansão, preparação da sucessão para empresas familiares, preparação para um mundo onde a demanda cresce e o preço diminui!

*Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net

4º Hackathon – Maratona de Programação do Comitê Acelera FIESP (CAF)

Com informações da Comissão Organizadora do 4º Hackathon CAF / FIESP - http://hotsite.fiesp.com.br/hackathon

Fonte: http://hotsite.fiesp.com.br/hackathon

Por Alex Anunciato*

Inscreva-se você também na 4ª edição do Hackathon organizado pelo Comitê Acelera FIESP (CAF).

Este evento ocorre entre os dias 22 e 24 de Agosto de 2015 e pretende reunir designers, programadores e outros profissionais do universo de tecnologia e inovação para uma maratona de programação, criatividade e empreendedorismo.

O tema deste ano será: Economia Compartilhada e Colaborativa.

As ações terão como foco 3 categorias:

• Consumidor Consumidor Final
• Cadeia Produtiva
• Social

Você pode obter todas as informações sobre o Hackathon, conhecer o regulamento e se inscrever diretamente no hotsite oficial do evento.

• Hotsite: http://hotsite.fiesp.com.br/hackathon
• Facebook: http://facebook.com/pages/ComitAA-Acelera-FIESP/579969555477500
• Instagram: http://instagram.com/acelerafiesp

Com informações da Comissão Organizadora do 4º Hackathon CAF / FIESP.

*Consultor de Marketing e Comunicação Digital
anunciato@gmail.com

Questões relevantes para a competitividade

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Por Ronaldo Ramos*

A melhoria da nossa capacidade competitiva se baseia essencialmente em alguns elementos ou pilares. Dentre eles, a troca de informação, a busca de melhores práticas, e a humildade de inovar não apenas pelo desenvolvimento de novas ideias, mas também pela investigação sistemática de “quem está fazendo melhor do que nós?”, “como eu posso fazer melhor o que eu fazia até ontem?”, “quais são meus novos competidores?”, ou “como eu posso copiar e melhorar?”.

Não tenho receio em utilizar o termo “humildade” por reconhecer a complexidade dos assuntos ligados à competitividade, especialmente num mundo empresarial onde os desafios são muitos:

  • a) Enfrentamos dificuldades em obter fontes de financiamento pelos canais tradicionais;
  • b) Necessitamos gerenciar da melhor forma possível os custos operacionais, os orçamentos e a execução de novos projetos;
  • c) Vivemos uma mudança substancial na qualidade da mão de obra com importante ruptura nas expectativas e nas formas de atuação das gerações mais jovens;
  • d) Onde o engajamento acontece por projetos e não mais pelo sonho de pertencer a uma organização ou de fazer carreira em uma única empresa;
  • e) Uma era de contínua consolidação de organizações sejam elas indústrias, serviços ou terceiro setor, e do aparecimento de novas tecnologias ou modelos de negócios que podem fortalecer nossa competitividade ou simplesmente decretar nosso “falecimento” empresarial;
  • f) Onde existe competição crescente por recursos naturais e uma tendência de sua nacionalização, como por exemplo uso da água, geração de energia e acesso aos combustíveis alternativos;
  • g) Onde a sociedade em seus vários segmentos se esforça para ser ouvida e ter suas expectativas e anseios atendidos;
  • h) E não menos importante, exige que nós como comunidade empresarial amadureçamos, saiamos da cultura do país do ufanismo, do futebol, do jeitinho, da graça, do improviso e da vantagem individual e caminhemos em direção ao planejamento conjunto, estruturado, consciente, abrangente e politicamente responsável;
  • i) Onde as famílias deixaram de nutrir o sonho de ter seus filhos engajados na política e na ação comunitária responsável;
  • j) Há necessidade de coragem para compartilhar conhecimento, trabalhar em time, entender a inserção de nossos negócios em nossa cadeia de valor e globalizar o entendimento para tentar antecipar as tendências e as novas ameaças;

E como isso tudo pode representar uma tarefa simples, a ponto de, inconscientemente, deixarmos que ela seja em sua maioria delegada ao governo?
Gosto muito de chamar a atenção em minhas conversas com colegas, amigos e clientes, sobre a diferenciação entre duas categorias de problemas – os complicados e os complexos.

Entendo por problemas complicados aqueles que representam situações onde conseguimos, com relativo sucesso, identificar as variáveis independentes que atuam sobre nossos modelos de realidade. E ainda que quando conseguimos isolar estas variáveis, entendemos o impacto de cada uma no resultado final. Podemos assim dividir o problema original em problemas menores, procurar a solução para cada uma das partes e depois combiná-las para se chegar à solução do problema maior.

De vez em quando podemos até improvisar, acomodar, “tropicalizar”, ou utilizar outras palavras da nossa cultura que de fato significam “deixar acontecer”, deixar a atividade de planejamento em segundo plano, e adotar um olhar menos investigativo e profundo.

Encarar os grandes obstáculos ao desenvolvimento da competitividade brasileira passa pelo entendimento de que o problema da competitividade é de natureza complexa. Sabemos que não temos mais variáveis independentes e que não podemos utilizar os métodos cartesianos de tratamento… As variáveis estão todas inter-relacionadas, interdependentes, e seus impactos no resultado final são muito difíceis de serem antecipados, exigindo alto grau de sofisticação, planejamento e engajamento dos diversos stakeholders.

No próximo artigo, vamos discutir um pouco a questão da competitividade dentro das empresas e também de alguns setores que estão perdendo espaço no mercado atual.

*Fundador do CEOlab e professor associado da FDC.
ronaldo.ramos@ceolab.net

MENTORIA

MENTOR_ARTIGO RONALDO_FONTE SHUTTERSTOCKPor Ronaldo Ramos*

Recentemente um artigo publicado no blog do “Management Mentors”            (http://www.management-mentors.com/about/corporate-mentoring-matters-blog) prendeu a minha atenção pela simplicidade de enfoque e também por relatar observações que em grande parte estão presentes em meu cotidiano.   Por esta razão vou me permitir comentar o artigo aqui e complementá-lo com minha experiência.

O artigo propõe compartilhar 5 ideias que funcionam muito bem nas relações de mentoria.

As duas primeiras ideias estão ligadas ao objetivo de criar um ambiente no qual podem ser compartilhados tanto sucessos quanto fracassos.

Quando contamos nossas histórias de sucesso ressaltamos quase sempre nossos pontos fortes e nossas habilidades principais, sejam de conhecimento técnico ou de aptidões para liderança, persuasão e relacionamento interpessoal. Também mostramos nossa capacidade de identificar oportunidades e de enfrentar crises e riscos com criatividade.

Menos frequentemente podemos observar também pontos a desenvolver como, por exemplo, a tendência de aplicar sempre o mesmo conjunto de ferramentas para resolver todos os problemas, simplificando a fase de diagnóstico e formulação.

Prefiro focar mais nos pontos fortes, pois são eles os responsáveis pelo nosso sucesso. Fica mais fácil assim motivar o mentorado enquanto desenvolvemos em paralelo a sua habilidade de diagnóstico, formulação e validação de problemas.

Compartilhar o fracasso, por outro lado, propicia ao mentorado uma nova oportunidade de reviver a situação e refletir sobre o aprendizado em si, juntamente com o processo que permite aplicar os conhecimentos obtidos em novas situações. Compartilhar um fracasso, portanto, pode abrir nossos olhos para pontos fortes eventualmente subavaliados. Além disso, fortalece a relação de confiança com o mentor e a sua resiliência ao perceber que errar é uma condição humana.

Em seguida podemos agrupar outras duas ideias da seguinte forma: combinar o compartilhamento de um desafio atual com a discussão sobre o futuro – onde você gostaria de estar em três anos e como planeja chegar lá?

Olhar com profundidade para os desafios pessoais pode indicar um caminho para definir objetivos de mentoria, pois podemos estabelecer áreas onde o mentor pode compartilhar suas experiências, sucessos e fracassos da mesma forma. O desafio pode ser como lidar com superiores, pares ou subordinados, ou ainda como sintetizar ideias para organizar uma apresentação de negócios, ou ainda como testar um projeto que ainda está em fase embrionária. Todos estes assuntos que já foram vividos por um mentor experiente podem se transformar em tópicos para o programa de mentoria. Este inclui ferramentas várias, e no caso particular do CEOlab utiliza os três pilares fundamentais – diagnóstico rápido, formulação de problemas e sua validação, conversa empática e investigativa, e pensamento multicultural e multidisciplinar.

A pergunta “onde quero estar em três anos e como espero chegar lá” pode da mesma maneira indicar um portfólio de opções que norteará o trabalho conjunto de mentoria. Pode também facilitar a seleção de cursos, livros e projetos enriquecedores. Com ajuda do mentor, esta busca pode ser estruturada e dividida em elementos mais fáceis de se trabalhar.

E por falar em livros, aqui vai a última ideia abordada no texto – qual foi o livro que você leu recentemente e como foi impactado por ele? Novamente aqui, a troca entre mentor e mentorado se coloca como fundamental.

Valores globais da nova liderança

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Por Ronaldo Ramos*

Muitas das inovações tecnológicas utilizadas por nós atualmente foram previstas por autores de livros de ficção e pela indústria cinematográfica. Embora nem todas as visões retratadas tenham se concretizado – como a tão abordada viagem no tempo, que carece de embasamento científico –, algumas estão causando mudanças radicais na sociedade, com acesso a conhecimentos privilegiados.

O Fórum Econômico Mundial já anunciou a classe de Jovens Líderes Globais de 2015. A maioria em seus 30 e poucos anos, 187 indivíduos são paradigmas tradicionais de liderança desafiadora para trazer mudanças positivas ao mundo: a vanguarda que chega para antecipar as necessidades do futuro e os novos comportamentos da força de trabalho.

A responsabilidade tem o tamanho do conhecimento e eles sabem disso. Como grande parte da tecnologia de 30 anos atrás tornou-se obsoleta, esses jovens estão provando que os estilos de liderança dessa época também ultrapassaram o respectivo prazo de validade. Gestão por medo, hierarquias rígidas, locais de trabalho dominados por homens brancos e pensamentos preconceituosos são cada vez mais anacrônicos nos tempos atuais.

A questão está em como reverter os excessos do capitalismo e evitar as loucuras do comunismo. Para um grupo de pesquisadores, os países emergentes serão os principais centros de transformação. Seguem a seguinte linha de raciocínio: em mercados já estabelecidos, é mais difícil mudar as diretrizes corporativas, pois o poder econômico pode desacelerar as mudanças ou mesmo levar inovadores a pagar pesadas multas. Já em novas nações, como Brasil e Índia, ainda há muito espaço para o desenvolvimento das empresas, o que tornaria a mudança para um modelo de gestão inovador mais fácil e rápido, a despeito de ideologias políticas retrógradas e totalitárias ou de fanatismos religiosos.

Esta geração de líderes difere em termos de gênero e nacionalidade, seu trabalho atravessa as divisões tradicionais entre os setores e eles adotam posturas criativas para problemas difíceis. Abordagens multidisciplinares, empáticas, multiculturais, pensamentos laterais e flexíveis, quebras de paradigmas e vontade de compartilhar conhecimento e riqueza. São leitores ávidos, com espírito crítico, vocabulário renovado, capazes de se expressar de outra maneira, de gerar soluções – não apenas para um mundo diferente, mas para este em que ainda vivemos. Os jovens líderes da classe de 2015 estão provando a importância de cinco pontos-chave para a condução da liderança:

1) Transparência radical: a tecnologia e a velocidade de comunicação têm aumentado a importância de cada um de nós. Os líderes no mundo de hoje percebem que tudo o que dizem, fazem e compartilham pode ser tornado público. Os autênticos vão brilhar nesta era e incentivar seus funcionários e organizações a viver e trabalhar com transparência e mente aberta. Cada vez mais, isso é importante especialmente na esfera governamental. A função do estado, os sistemas de governo, a relação entre governo e iniciativa privada, os sistemas financeiros e os sistemas legais terão de se adaptar mais rapidamente aos anseios da sociedade.

2) O poder de trocar: a sua organização está funcionando meramente como a soma de suas partes? Ou você está favorecendo um local de trabalho de apoio mútuo e troca para concretizar as ambições mais elevadas? Os líderes estão colocando essa filosofia em ação com as organizações, comunidades e redes em todo o mundo. Como harmonizar essas novas tendências ao atual capitalismo, que continua gerando milionários inovadores sem responsabilidade social?

3) Conflitos construtivos: desavenças chegam a romper sociedades. Quando tratada de forma construtiva, no entanto, a discordância também pode ser uma fonte de compreensão, empatia e novas soluções para questões desafiadoras. Como desenvolver times que utilizam o respeito à diversidade e que podem convergir inteligentemente tanto no intelecto quanto emocionalmente, priorizando a sustentabilidade?

4) Líderes trissetoriais: os desafios globais de hoje são complexos, interrelacionados e exigem a colaboração entre governo, empresas e sociedade civil, além de atravessarem as fronteiras culturais. Quase todos os Jovens Líderes Globais da turma de 2015 viveram, estudaram e trabalharam em diferentes países; muitos deles falam vários idiomas; e grande parte representa o tipo trissetorial necessário para resolver os problemas intratáveis do mundo.

5) Além da linha de atuação: bem-sucedidos em suas áreas de especialização, os novos lideres estão dedicados a fazer uma contribuição para a sociedade de forma mais ampla. Seja em setores privados ou públicos, acadêmicos ou midiáticos, eles se consideram os empreendedores “sociais em espírito”. O que justifica a inclusão da dimensão espiritual no assunto sustentabilidade.

Esses pontos não vão apenas mudar a cultura de trabalho dos dias de hoje, mas criar as bases para os próximos 30 anos. Muitas tecnologias certamente irão, mais uma vez, alterar o curso da história humana. Poderemos estar vivendo em outros planetas, com máquinas assumindo nossos postos de trabalho, e os avanços nos ajudando a lidar com os desafios climáticos. De todas as conjecturas, temos uma certeza: a liderança mais construtiva, inclusiva, que abraça a diversidade e a transparência, será essencial para criar o tipo de futuro que queremos e precisamos. E você, já começou a refletir sobre as alterações nos contratos de trabalho e sua carga tributária? Em como vai negociar com seus colaboradores sobre os projetos e a distribuição do tempo?

Boas reflexões!

*Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net