por CEOlab | 24 de junho de 2019 | Estratégia, Gestão, Mercado, Oportunidade, Planejamento
A economia brasileira voltou a retrair no primeiro trimestre deste ano. Entre janeiro e março, recuou 0,2%. Nos anos recentes, a situação econômica não está nada fácil. O cenário é de adversidade. Em 2015 e 2016, o tombo do PIB foi de 3,5% e 3,3% respectivamente. Os dois anos de recessão resultaram em fechamento de empresas e elevação do desemprego. Em 2017, crescimento modesto de apenas 1,1%, assim como em 2018. Para este ano, com a retração verificada no primeiro trimestre, o mercado passou a prever outro crescimento pífio de pouco mais de 1%. Os desafios de uma economia em baixa para o CEO são muitos, mas podem ser superados. Algumas empresas estão sendo bem-sucedidas nesse processo e conquistando participação de mercado.
É o caso da varejista de moda Lojas Renner, que apresentou, no ano passado, lucro líquido superior a R$ 1 bilhão pela primeira vez na história. Neste ano, no primeiro trimestre, a companhia lucrou R$ 161,6 milhões, resultado acima do esperado e 45% maior na comparação anual. Até o fim de 2019, a companhia planeja investir R$ 700 milhões, sendo que R$ 121 milhões direcionados para logística, o que inclui um novo centro de distribuição de 150 mil metros quadrados na região Sudeste.
Em entrevista à revista Época, o então CEO da Lojas Renner, José Galló, que comandou a empresa por 26 anos – deu lugar em abril ao executivo Fabio Adegas Faccio, disse ter apostado na abertura de novas lojas durante a recessão. Também afirmou que a questão do crédito vem sendo ainda hoje trabalhada de forma estratégica. “Muitas vezes, em uma crise, o primeiro impulso [das empresas] é cortar o crédito, porém essa nem sempre é a melhor decisão. Fazemos isso por meio de uma reavaliação constante da nossa base de clientes. E hoje temos um consumidor menos endividado. No Brasil, aliás, nunca tivemos uma crise de crédito ao nível do consumidor, porque o crédito funciona quase como um ativo. Ele é usado até para comprar alimentos”, disse Galló à publicação.
Senso de oportunidade para superar os desafios de uma economia em baixa
Empresas como a Lojas Renner foram ágeis e tiveram a capacidade de manter os olhos abertos para as oportunidades, ainda que não seja fácil identificá-las em um cenário macroeconômico negativo. “O planejamento é importante e adquire relevância maior nos momentos em que a economia está em baixa”, analisa Ronaldo Ramos, fundador do CEOlab, que ocupou a posição de CEO em diferentes organizações como a Rio Tinto. Para ele, esse trabalho envolve o mapeamento periódico dos riscos aos quais a organização está exposta. O CEO deve discutir com seus executivos e o Conselho as mudanças nos cenários econômico, político e regulatório a fim de que a companhia possa se antecipar a essas alterações.
“Os planos de rightsizing e de adaptação às mudanças para aumento da produtividade e efetividade da organização devem estar prontos, para que sejam executados conforme a necessidade”, complementa Ronaldo. “O senso de urgência deve prevalecer, e, ao mesmo tempo, o olhar deve estar voltado para as oportunidades que certamente vão surgir no mercado de atuação da companhia”, finaliza o executivo.
O que é rightsizing?
É uma técnica de estratégia organizacional e administrativa que busca encontrar a estrutura correta corporativa para maximizar sua eficiência operacional. Com o passar dos anos e as mudanças naturais sofridas pelo mercado, a organização pode se tornar ultrapassada e com estrutura excessivamente onerosa para suas necessidades operacionais.
O planejamento estratégico feito com base no rightsizing identifica as necessidades do mercado, as tendências e as inovações tecnológicas. Na sequência, esse plano deve possibilitar que o investimento empresarial seja condizente ou compatível com a realidade de mercado em que a organização está inserida a fim de que ela possa se desenvolver.
Comunicação frequente e assertiva para superar os desafios de uma economia em baixa
Todos devem ter consciência do momento econômico e da necessidade de a organização agir com prudência. “O CEO deve estar visível e acessível a todos. Ele deve dar o exemplo no dia a dia, nas atividades desempenhadas. Estando o cenário econômico bom ou ruim, esconder-se é a pior estratégia”, diz Paulo Ferro, mentor e consultor sênior do CEOlab.
Faz parte desse comportamento uma comunicação frequente e assertiva. “É preciso que o CEO deixe claro para a organização que o mundo externo, o mercado como um todo, passa por um momento desafiador, o que impacta o cotidiano da empresa”, afirma. Ainda segundo Paulo, essas reuniões devem ter o propósito informativo e também participativo no sentido de fazer com que a liderança se sinta protagonista ao lidar com a situação.
“Vale até mesmo criar um grupo de escudeiros, ou seja, profissionais que estarão por perto diariamente e que poderão ajudar o CEO a encontrar ações que possam mitigar os efeitos negativos causados pelo mau momento da economia”, aconselha. “O que também costuma ser útil, como parte dos esforços para superar os desafios de uma economia em baixa, é criar um comitê multidisciplinar extraordinário com uma pauta dirigida ao tema. Os membros desse comitê podem se reunir quinzenalmente, semanalmente ou até todos os dias. O propósito desses encontros não é apenas mitigar os efeitos da crise econômica, mas também encontrar oportunidades de mercado”, finaliza Paulo.
Como você está lidando com a necessidade de superar os desafios de uma economia em baixa? Compartilhe conosco suas impressões! Vamos juntos pensar em soluções!
por CEOlab | 19 de junho de 2019 | Artigos, Carreira, Cultura
POR Ricardo Fontes Santana
Não tenho nada contra livros que vendem fórmulas de melhoria de vida. “X Passos para o Sucesso”, “Y Motivos para ir em frente”, “N Reflexões sobre o seu Trabalho”, ou simplesmente “Como Mudar de Vida”. Nessa literatura, vários autores realizam estudos sérios das relações humanas e dos padrões usuais de comportamento, criando assim uma base importante para a proposição de teorias que ajudam pessoas no seu dia a dia. Eu mesmo penso em refletir mais profundamente sobre aspectos e desafios que vivenciei e dividir minha experiência com outras pessoas buscando amenizar sofrimentos e angústias, criando assim minha própria receita de sucesso e superação.
É inegável que algumas das inúmeras fórmulas propostas podem ser bem efetivas em organizar de forma prática o raciocínio, ajudando indivíduos a endereçar problemas de forma consistente. Entretanto, algumas pessoas não percebem que a transformação já havia iniciado antes mesmo da leitura de determinado livro ou da participação em alguma palestra. O próprio fato de buscar ajuda já é um claro sinal de transformação. A frustração pode vir quando a fórmula escolhida se esgota e já não ajuda em situações não previstas. O próximo passo é a busca por outra fórmula, tendo como base o conceito de que o próximo método ou critério sempre será melhor.
Como as relações humanas são complexas e regidas pelo imponderável, é preciso deixar um espaço para reflexão tendo consciência de que muito não será explicado ou entendido. Boa parte do segredo para o gerenciamento da ansiedade é entender a dinâmica das relações e como cada indivíduo pode exercer um papel real e efetivo de mudança. E é neste sentido que a literatura em geral é subestimada. Os bons livros, sejam eles romances, biografias ou quaisquer outros formatos, podem ser fontes infinitas de inspiração para o enfrentamento das mazelas de todos os dias. A literatura pode nos convidar a efetuar reflexões profundas sobre transformações sociais, hábitos, circunstâncias e nossas próprias necessidades de melhoria. Abaixo, alguns exemplos de livros clássicos que podem ajudar a pensar situações de formas diferente:
1) Moby Dick
Em “Moby Dick”, a incontrolável necessidade de mudança de vida de Ismael, tão brilhantemente sintetizada no primeiro parágrafo do livro, vai aos poucos diminuindo, aprumando e virando reflexão. O seu processo de observação sobre o comportamento do Capitão Ahab e sua impiedosa e improvável caça à baleia que havia lhe ferido no passado acaba por se tornar uma análise sobre causas e circunstâncias e, principalmente, sobre a busca da razão pela vida.
2) Um Inimigo do Povo
Na peça “Um inimigo do Povo” de Ibsen, o Dr. Stockman, renomado médico de um balneário norueguês, resolve estudar a causa principal da recorrência de doenças em turistas e cidadãos locais. Ele descobre então que as fontes de água do balneário estão poluídas e recomenda que as mesmas sejam fechadas imediatamente, gerando uma balbúrdia na cidade e indo de encontro com os interesses econômicos do prefeito e de seus aliados. A peça trata brilhantemente sobre caráter, convicções e diferentes óticas sobre o mesmo problema.
3) 1984
George Orwell fez boas ponderações sobre verdades absolutas e manipulação de massas. Em “1984”, ele abordou as artimanhas de um Estado totalitário para controlar seus cidadãos. Uma das principais ideias era a de criação de uma nova língua, com um vocabulário menor e mais pobre, inibindo assim a capacidade de expressão e de pensamento das pessoas. Neste novo idioma, o “ótimo”, o “bom”, e o “excelente” virariam apenas o “bom”. Enquanto o “ruim”, o “mal” e o “péssimo” seriam consolidados na negação do que é bom ou simplesmente “não bom”. No longo prazo, os pensamentos seriam simplistas e sem profundidade, facilitando assim a perpetuação do domínio sobre as massas.
4) O Coração das Trevas
Em “O Coração das Trevas”, Charles Marlow recebe de seus superiores a missão de reativar a rota de comércio de marfim na África do século XIX. Charles precisaria também resgatar e ressocializar um dos principais funcionários de sua Companhia, o Sr. Kurts, que vivia em um posto avançado no coração africano. O livro que serviu de inspiração para o filme “Apocalypse Now” mostra as mudanças de ponto de vista de Charles no transcorrer da jornada, incluindo o seu entendimento sobre a missão em si, sobre o Sr. Kurts e sobre sua interação com o ambiente que lhe acolhia.
A leitura desses e demais livros pode trazer um pouco mais de cor para nossas vidas sem cair na armadilha fácil de trazer respostas definitivas sobre questões complexas. A literatura funciona muito mais como instigadora do pensamento, como incitante de ângulos de pensamento distintos, ajudando cada leitor a montar sua própria fórmula de sucesso. Ou, pelo menos, tornando o leitor mais preparado para avaliar e lidar com as fórmulas de sucesso montadas por outras pessoas.
*Ricardo Fontes Santana é Head de Finanças da South32.
por CEOlab | 17 de junho de 2019 | Engajamento, Insights, liderança, Relacionamento
Assegurar que os colaboradores estejam motivados é o primeiro e mais importante passo para criar uma cultura de alta produtividade. De acordo com pesquisa recente da Gallup, que levou em conta 155 países e as informações coletadas ao longo de três anos – de 2014 a 2016, apenas 15% dos funcionários em todo o mundo estão engajados. Os pesquisadores descobriram ainda que as unidades de negócio mais engajadas são 17% mais produtivas e 21% mais rentáveis do que aquelas com baixo engajamento. Ou seja, o estudo relaciona o nível elevado de engajamento dos colaboradores com o aumento da produtividade.
Esses resultados positivos só são atingidos se a elevação do engajamento for alçada pelo CEO à prioridade da sua gestão. Os negócios, independentemente da atividade econômica, devem estar baseados em um sistema de gestão direcionado para suprir as necessidades dos colaboradores. Para que haja engajamento, as relações devem ser positivas, o reconhecimento deve estar presente, além de não poderem faltar conversas constantes sobre desempenho e oportunidades para desenvolvimento pessoal.
Ainda de acordo com a Gallup, a afirmação “há alguém no trabalho que encoraja meu desenvolvimento” disponível na pesquisa de campo feita pela consultoria é aquela que melhor separa os colaboradores altamente engajados daqueles não engajados. Em outras palavras, caso não haja essa pessoa ou essas pessoas, o engajamento fica comprometido.
Nesse mesmo sentido vão as pesquisas realizadas anualmente pela consultoria britânica de recursos humanos Aon. Entre os fatores que mais contribuem para deixar as equipes satisfeitas com o trabalho está a identificação com a liderança. Segundo o levantamento mais recente, os funcionários querem estar próximos das decisões estratégicas e, para isso, contam com seus líderes. Para a Aon, está claro que funcionários motivados produzem mais e contribuem de forma decisiva para o avanço da companhia.
O desafio está em como criar e manter esse cenário de alto engajamento. O que o CEO deve fazer para garantir que seus colaboradores estejam motivados? Uma das estratégias do momento, a chamada “strenghts-based organization”, trabalha com os pontos fortes de cada profissional. Algumas das empresas que mais crescem no mundo reformularam seus sistemas, suas políticas e seus procedimentos com base em uma mentalidade de estímulo às potencialidades de cada profissional.
Nesse contexto, a empresa permite que cada profissional identifique, desenvolva e use seus talentos naturais com o propósito inicial de aumentar sua satisfação do trabalho, o que inevitavelmente levará a uma evolução sensível do nível de produtividade corporativa. Com essa estratégia de estímulo aos pontos fortes, ainda de acordo com o estudo da Gallup, as lojas de uma companhia, cujo nome não foi revelado, geraram, no período de mensuração, crescimento das vendas 66% maior do que as lojas que utilizaram a estratégia tradicional.
Veja abaixo como trabalhar a estratégia que privilegia as potencialidades de cada profissional a fim de alcançar em sua empresa a tão buscada cultura de alta produtividade.
1) Empoderamento
Antes de mais nada, os colaboradores devem ser educados a encontrar seus pontos fortes. Não é de hoje que as empresas sabem que os profissionais, ainda que desempenhem as mesmas atividades, têm habilidades próprias. Essas especialidades ou especificidades são valiosas para qualquer companhia por duas razões principais: o próprio colaborador se sente único, o que traz um sentimento de reconhecimento, e a organização pode descobrir soluções de negócio que eram até então inimagináveis. Nesse processo, a autonomia tem papel relevante. De nada adianta estimular as potencialidades e não permitir que os colaboradores desenvolvam e implementem soluções que possam alterar os produtos e os serviços oferecidos pela organização.
2) Liderança
Para que o empoderamento seja bem-sucedido, os líderes precisam ter a sensibilidade de identificar as habilidades dos colaboradores. Algumas organizações criam um grupo de liderança com o propósito de auxiliar os líderes e seus times nos esforços de construção e de manutenção de uma estratégia voltada para os pontos fortes.
Pode ser que nem mesmo o colaborador saiba ao certo quais são suas habilidades. Por isso, a proximidade é fundamental no relacionamento entre líder e colaborador. Empresas que possuem uma cultura de alta produtividade sabem que as experiências que inspiram e encorajam os colaboradores são locais – elas ocorrem geralmente nos grupos de trabalho.
3) Engajamento
Organizações engajadas possuem líderes engajados. Para eles, é muito claro que os resultados do negócio só podem ser alcançados com uma força de trabalho engajada. Nesse cenário, a comunicação deve ser aberta, o que significa transparência nas relações. A organização deve trabalhar de forma incansável para identificar e remover barreiras que distanciem os líderes dos membros da sua equipe ou ainda os próprios membros das equipes. A diversidade, com equipes de trabalho tendo profissionais de habilidades distintas, funciona e facilita a identificação dos pontos fortes de cada profissional.
4) Desenvolvimento
Os sistemas de avaliação de desempenho devem ser reformulados. Em uma estratégia de valorização das potencialidades, o que resulta em uma cultura de alta produtividade, os profissionais são avaliados e recompensados por aquilo que eles fazem de melhor. Dessa forma, não há uma avaliação única que possa ser aplicada a todos. Só que antes de avaliar, a companhia precisa assegurar que os empregados sabem o que é esperado de cada um deles nessa nova realidade. A organização precisa se certificar também que os funcionários têm todas as ferramentas e todos os recursos para realizar seu trabalho da melhor forma. E o mais importante: os colaboradores, como falamos no tópico de liderança, precisam sentir que seus supervisores estão por perto.
O que você achou do post? Sua organização tem uma cultura de alta produtividade? Estamos curiosos para ler seus comentários!
por Alex Anunciato | 28 de maio de 2019 | Ações, Branding, Inovação
Por Alex Anunciato*
O Brasil é um dos países que mais utilizam whatsapp em todo o mundo. Desde o ano passado a empresa começou a liberar a criação de chatbots em sua plataforma. Chatbot é um software que simula uma conversa humana em um chat o que permite a automação de diversas ações repetitivas e novas formas de interação. As pessoas já podem se comunicar por este meio com diversas marcas como, por exemplo:
Bradesco: 11 3335-0237
Habibs: 11 3003-2828
Netflix: +1 408 669-4229
Em maio de 2019, no lançamento da série Dilema (drama estrelado por Renée Zellweger), a Netflix foi além e criou uma ação que envolve o desenvolvimento de 4 chatbots (com 4 diferentes números de celular, cada um com seu conteúdo interativo e representando um personagem específico).
Eu pertenço a alguns grupos de WhatsApp (sobre diversos temas como Marketing, Conteúdo, Growth, Estratégia Digital, UX, Inteligência Artificial, Branding, dentre outros) e, no último sábado, dia 25/05, recebi o contato de “Angela” (um bot da Netflix). No mesmo dia iniciei uma conversa com o chatbot. 🙂
É legal observar que a marca se preocupou em preencher alguns dados no perfil de “Angela” de modo a deixar claro que se trata de uma conta comercial, com seu devido endereço físico e website oficial.
(esse mesmo cuidado se repete nos outros 3 perfis)
Abaixo, os textos e emojis sobre o fundo verde foram enviados por mim. O conteúdo sobre o fundo branco foi enviado pelo chatbot Angela:
Muito inteligente a forma como o perfil de Angela compartilha, ao final, o link da série e os outros 3 perfis.
Não testei todos eles mas é provável que cada perfil tem sua programação específica, de acordo com a personalidade e história de cada personagem.
Esta estratégia de conteúdo está bem alinhada com a persona da marca Netflix e até o mesmo com o tema da série Dilema. Ponto pra Netflix.
O uso de chatbots é uma tendência em alta pois automatiza muitas tarefas, reduz custos de atendimento, atrai a curiosidade das pessoas e, quando bem produzido, gera mídia espontânea e positiva para a marca.
Uma hora após meu último envio uma nova mensagem de “Angela” pede para que eu compartilhe seu número (5511932440819) com meus amigos. Dessa forma todo o conteúdo planejado vai se tornando viral. Foi assim que chegou até mim. Talvez assim também chegue até você. 🙂
Alex Anunciato
*Consultor de Marketing e Comunicação Digital
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por Ronaldo Ramos | 16 de maio de 2019 | Ações, Gestão
Neste vídeo do PGA – Programa de Gestão Avançada da Fundação Dom Cabral Ronaldo Ramos, fundador do CEOlab, fala sobre os desafios que as transformações e as incertezas trazem para as organizações no contexto atual.
https://www.youtube.com/watch?v=FcNGB7cIjtI
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por Paulo Ferro | 26 de março de 2019 | Comunicação, Conversa, Cultura
Por Paulo Henrique Ferro*
O ritmo acelerado das transformações tecnológicas, aliado ao grau de qualificação e sofisticação exigido pelos modelos digitais, tem despertado uma preocupação nas relações profissionais e pessoais, pelo fato de a tecnologia estar eliminando ou invadindo algumas áreas de atuação, que até então eram dominadas exclusivamente pelos seres humanos.
Um dos principais fatores que tem despertado essa atenção são os conflitos gerados pela pressão e a crescente competitividade do ambiente de negócios, ocasionando dificuldade e tensão nas relações tanto no âmbito profissional, como no pessoal.
Sabemos que os conflitos fazem parte de nossa realidade e por várias razões , dentre elas podemos destacar; expectativas mal calibradas, interpretações não realistas, mudanças contínuas, comunicação deficiente, políticas e princípios de gestão, diferenças culturais, divergências de opinião entre outras.
Diante desse cenário, a Mediação por meio de “Conversas Empáticas” e “Metodologias Estruturadas”, vem trazendo avanços importantes para as organizações no tratamento de dinâmicas “tóxicas” ou até mesmo de relações conflitivas.
A Mediação é uma abordagem que visa lidar com situações de conflitos ou mesmo de impasse ou “travamento” das relações, e objetiva facilitar a conexão entre as pessoas estimulando-as a encontrar caminhos que as levem a situação do “ganha-ganha”.
Geralmente, este trabalho conta com a ajuda de uma terceira pessoa, externa a questão, imparcial, formada e preparada e com experiência em Mediação.
Está cada vez mais claro que os processos que envolvem as relações carecem de uma estruturação. Sem esta estruturação as relações podem se tornar improdutivas, trazendo consequências imprevisíveis em função das características complexas do ser humano. Isso dissemina muitos mal entendidos e desacertos, que causam discussões inócuas, desentendimentos e polarizações.
A Estruturação de conversas eficazes devem sempre apontar para um objetivo, a Mediação trabalha em dois pilares fundamentais para se alcançar estes objetivos:
A Empatia é o canal da conexão, genuína, corajosa e sincera. Ela tem um papel central nas relações à medida que promove a equalização de uma série de sentimentos que habitam nos envolvidos. Porém polaridades presentes no pensar do litigantes, quando intensificadas, podem disparar emoções e reações fortes a ponto de desconstruir o diálogo produtivo. Há que se perceber este momento, pois certas pessoas em determinado momento traz uma carga emocional elevada para o espaço de discussão, ela não está preparada para escutar. O aconselhável em tal situação é deixá-la falar. Isso pavimenta o caminho para que em um segundo momento a conexão com empatia se estabeleça.
Entretanto, há uma armadilha nesse processo. A escuta. “Escutar para responder”, é um viés muito comum, diferente da escuta empática, que traz um outro conceito: “escutar para compreender”. A escuta genuína, interessada pode ser percebida no ar, através de sinais, gestos ou mesmo por meio de sons monossilábicos de compreensão, que indicam uma escuta interessada. Na escuta empática centramos nossa atenção na necessidade do outro, e interagimos a partir dele e não a partir de nós.
De uma maneira geral existem dois tipos de pessoas quando falamos em interações. As que têm mais impulso para falar e se sentem autênticas sendo assim, e aquelas que têm menos propensão para falar, achando que irão promover ou alimentar conflitos fazendo intervenções.
É importante frisar que o ser humano possui as duas naturezas, porém uma predomina. Na verdade, esses dois tipos são extremos. São polaridades que algumas vezes têm ligação com a personalidade da pessoa.
Lá na essência da autenticidade está o aprendizado de se expressar a partir e a favor de suas necessidades (o que pode parecer egoísmo mas não é). De se expressar de forma clara, tranquila e genuína. Vários trabalhos na área da psicologia indica que os sentimentos são sempre expressões conectadas com as nossas necessidades. Nossas necessidades atendidas ou não, são a raiz dos nossos sentimentos. Os fatores externos, normalmente considerados os causadores dos nossos sentimentos, são apenas estímulos. Isso muda sobremaneira a direção do nosso olhar quando trabalhamos conflitos. Olhar para nossos sentimentos é olhar para o interior. É olhar para o que está faltando, o que completa, o que necessita e não olhar para alguém ou para algo que está fora de mim.
As conversações e interações entre pessoas são complexas. Não só pelo fato de integrar pessoas que por si têm um alto nível de complexidade, mas também por envolver um composto de variáveis sensíveis e delicadas; comunicação, comportamento, personalidade e vários aspectos da natureza humana, que quando aliados ao ambiente externo, tornam as dificuldades ainda maiores.
Marshall Rosenberg, o integrador dos conceitos e pensamentos da Comunicação não violenta diz: “Estou convicto de que todas as análises de outros seres humanos são expressões trágicas de nossos valores e de nossas necessidades”. O trágico fica por conta dos rótulos e da falta de compreensão.
Temos sido moldados por um pensamento o qual o ser humano é eminentemente competitivo e egoísta, o que não é uma verdade absoluta, O viés colaborativo e compassivo é uma característica que está permeada por todas as culturas. O que ocorre é que a estas características não se dá muito valor e visibilidade (por motivos que não cabe aqui discutir).
Não expressar as nossas necessidades nos leva a ficar dependentes da opinião dos outros para fazer escolhas. É fundamental ser você. A verdadeira libertação emocional acontece quando são estabelecidos limites e o reconhecimento das necessidades do outro. Simplificando; abandonar a linguagem da culpa e adotar a linguagem da necessidade.
Quando mediamos, em geral o conflito já está instalado e outras dimensões emergem e entram em jogo. Há situações conflitivas que requerem um mediador com formação e larga experiência, dada a complexidade (chamados conflitos quentes). E outras, que requerem apenas a habilidade de desenvolver uma “conversa de ajuda” (chamados conflitos frios). Para um CEO ou alto dirigente de empresa ter presente o valor da abordagem da mediação poderá ser de grande valia principalmente para, de maneira preventiva, conduzir temas por caminhos que se desviam do conflito ou da relação tóxica.
Nos próximos artigos falarei sobre os obstáculos para a empatia, o processo eficaz da comunicação e os passos que compõem a Metodologia de Mediação Organizacional.
Fecho este texto com as palavras de Marshall Rosenberg;
“Por trás de todo comportamento existe uma necessidade”.
Paulo Henrique Ferro
*Mentor, Coach, Mediador Organizacional e Consultor em DO no CEOlab.
paulo.ferro@ceolab.net
por Ronaldo Ramos | 13 de março de 2019 | Cultura, Estratégia
Por Ronaldo Ramos*
A cultura organizacional pode facilitar a colaboração dentro da empresa.
Da mesma forma como boatos podem preencher o espaço da falta de comunicação direta e clara, a cultura bem sedimentada, alimentada por premissas, crenças, valores e princípios compartilhados, pode permear a estrutura organizacional e a comunicação formal e de fato servir de norte para os momentos onde os colaboradores tenham de tomar suas decisões mais difíceis e quando a supervisão não necessariamente estará presente.
É o caso por exemplo de se decidir interromper uma determinada tarefa por entender que ela possa representar um risco muito grande para a segurança própria ou de colegas, ou ainda que exista risco de um prejuízo elevado para a empresa ou para a sociedade e o meio ambiente. Se a cultura correta estiver permeada e nutrida em uma empresa, ninguém precisará perguntar ao chefe para saber como agir.
A cultura de uma empresa é importante a ponto de ser apontada como responsável por desastres ou ainda exaltada por ter gerado resultados extremamente positivos.
E quando é exaltada por resultados positivos, facilmente vira vilã quando estes são invertidos. Parte integrante e motor da reputação.
Na mentoria, uma das principais razões do sentimento de inadequação vem do conflito de valores e da percepção de uma cultura de falta de transparência ou ainda que não é previsível o suficiente para servir de orientação para o comportamento de pares e superiores.
Em artigo publicado pelos Profs. Phanish Puranam e Roland Berger do Insead, eles simplificam o conceito dizendo apenas que “a cultura organizacional dá forma àquilo que os colaboradores fazem quando os líderes não estão olhando”…
E eles continuam, sugerindo como criar uma cultura de colaboração…
- Definir consequências das ações (o enfoque baseado no incentivo)
- Definir crenças sobre quais ações são adequadas (o enfoque da arquitetura, ou conjunto) de comportamentos esperados.
Estudos realizados ainda pelos mesmos professores indicam que a correta formatação inicial de uma situação (de que a mentoria se ocupa) com crenças estabelecidas a partir de uma retórica persuasiva, e/ou uma visão inspiradora ou ainda critérios de recrutamento bem estabelecidos, ou ainda com uma bem construída história sobre o futuro (como sugeriu Peter Schwartz em The Art of Long View, 1991) – pode, dentro de certas condições, conduzir a uma retro-alimentada cultura de colaboração, em vez de ser um mero simbolismo ou uma mera placa na sala de recepção da empresa.
Foram identificadas 3 intervenções que uma empresa pode fazer para transformar sua cultura
- Critérios de seleção – identificar e evitar profissionais com tendências de priorizar resultados pessoais em detrimento de resultados do grupo (se esta não for a cultura desejada)
- Socialização – investir em canais de treinamento e de comunicação oficiais, de cima para baixo na organização, determinando e reforçando um conjunto de comportamentos esperados dos colaboradores
- Testes de campo dos comportamentos – aplicações práticas dos comportamentos vivenciados no dia-a-dia e interpretações constantes de decisões em diversas situações. Reuniões presenciais, discussões de casos específicos, exemplos, etc.
Claro que a capacidade individual de aprender ou de ajustar comportamento – estilos de aprendizado, interesses, status, percepção de ganhos, teimosia, etc, varia de indivíduo para indivíduo, e por esta razão formar times com diversidade de comportamentos e de formas de absorção de cultura e de crenças pode ser um grande aliado da organização e da implementação de sua estratégia de perenização da cultura.
Voltaremos brevemente a este tema com entrevistas onde nossos mentores nos contarão mais sobre suas experiëncias em situações de mudanças e/ou conflitos culturais dentro de organizações.
Aguarde!
Ronaldo Ramos
*Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net
www.CEOlab.net
por Paulo Ferro | 5 de março de 2019 | Digital, Estratégia, Inovação, Inteligência, liderança, Mentoria, Processo
Por Paulo Henrique Ferro*
É fato que as tecnologias emergentes estão contribuindo e influenciando diretamente as formas de consumo e o comportamento das pessoas.
Os movimentos sociais, as novas tendências, os estilos de vida e as experiências de consumo, ocupam novos espaços e trazem outra roupagem para os hábitos cotidianos. É a era da Quarta Revolução, do compartilhamento e da diversidade.
Os questionamentos sobre a pauta são vários, pois as transformações têm impacto direto no campo do trabalho, no uso dos recursos do planeta, nas formas de comunicação e interação das pessoas, no aprendizado, nas relações governo e organização, nas empresas globais e nos arranjos da economia.
Não podemos negar que a transformação digital tem atuado na solução de diversas causas e nas dores do mundo moderno. Porém, o desafio maior tem sido a falta de preparo do ser humano para lidar com a velocidade da tecnologia. É muito comum ver a disrupção atropelando aspectos morais e éticos, sem refletir sobre as consequências. Em virtude disso, a nossa responsabilidade diante da transformação digital vem aumentando exponencialmente. Isso converge para o assunto que irei explorar ao longo do texto: o legado. Acredito que ele nos traz uma dose de segurança para agir diante dos movimentos disruptivos.
O legado tem a força de enquadrar essas ações na perspectiva de um processo que está além daquilo que enxergamos. Ele é a parte intangível da obra do ser humano. É o complemento da experiência e da vivência; e não do aprendizado. O legado deve ser nossa grande obra, o resumo do que fazemos para o outro e para o mundo.
Desde a revolução industrial, nos ensinaram que a competição é a máquina do crescimento. Do crescimento material e não do crescimento como ser humano, acredito. O desenvolvimento humano supõe a existência e a potencialização da relação construtiva com o outro. Da compreensão das necessidades de cada um.
Assim nasce a colaboração.
Na prática, os desenhos organizacionais são definidos para criar uma empresa dirigida pela competição ou pela cooperação. Enquanto as organizações verticais são mais tendentes a competição, as estruturas horizontais abrem espaço para a colaboração, facilitado a contribuição.
Quando entramos no nível das relações e da intervenção do ser humano na empresa, compreendemos os espectros mais sutis que a circundam. É neste estágio que os sinais do legado se tornam evidentes e que o CEO deve atuar para criar algo novo. Por outro lado, no nível da Identidade da empresa, o legado se mostra por inteiro, por meio dos ritos e dos valores, impactando fortemente a organização.
Explorar a prática da mentoria nessa dimensão enriquece as discussões sobre o papel e a contribuição do executivo para o legado. A organização traz pistas para que ele se posicione no entendimento de sua atuação.
Para tanto, a existência de um legado supõe a aceitação de que você o recebeu e agrega sua contribuição para as próximas gerações. O legado, por sua vez, não deixa de existir. Ele passa por reparos ou uma simples ressignificação, mas ele se perpetua!
Paulo Henrique Ferro
*Mentor, Coach, Mediador Organizacional e Consultor em DO no CEOlab.
paulo.ferro@ceolab.net
por Alex Anunciato | 12 de fevereiro de 2019 | Branding, Comunicação, Estratégia, Operações
Por Alex Anunciato*
Community Manager (Gerente de Comunidade) é o profissional que define e executa estratégias de conteúdo nos canais digitais, monitora interações dos membros da comunidade e atua de acordo com o tom de voz de uma marca. Além disso, investiga a movimentação de concorrentes e faz uma constante análise de resultados obtidos a cada período.
A gestão das experiências dos usuários e consumidores nos meios digitais é cada vez mais importante para as marcas e é através das comunidades online que muitas pessoas expressam seus desejos, necessidades, críticas, dúvidas, interesses e todo tipo de opiniões sobre os mais diversos produtos, serviços e assuntos.
O Community Manager (às vezes também chamado de Gestor de Comunidades) é o profissional que tem seu discurso e ações totalmente alinhados com a linguagem e a estratégia da marca e, com base nessas diretrizes, faz a ponte entre a empresa/marca e seus clientes/usuários nos ambientes online.
Este profissional pode responder pelas interações com a marca em todos os pontos de contato com seu público (nos diversos perfis em mídias sociais, por exemplo) ou realizar esse trabalho somente em uma plataforma (como em fanpages e grupos do Facebook) ou pode, ainda, estar focado na gestão de um website específico criado única e exclusivamente para os interesses da própria comunidade e que permita participações e interações de seus membros. Tudo depende dos objetivos, valores de investimento e estratégias do negócio.
O trabalho de gestão de comunidades pode, dentre outras coisas:
- gerar, a todo tempo, novos insights para as marcas
- ser totalmente voltado para uma causa específica
- inspirar o surgimento de novas ideias, produtos, serviços e soluções
- mudar características de produtos ou soluções que já estão no mercado
- descobrir novos nichos de mercado
- monitorar pontos fortes e pontos fracos de concorrentes
- possibilitar um entendimento mais profundo e honesto das reais necessidades das pessoas e da sua relação com determinados produtos e serviços
Estes são apenas alguns exemplos. Tudo isso e muito mais pode ser obtido com base na análise das interações e dos interesses dos membros da comunidade e ninguém melhor que o Community Manager para fazer isso porque, além de possuir visão estratégica e grande expertise em criação e gestão de conteúdos, esse profissional sabe fazer uso dos mais avançados recursos digitais.
O modelo de negócios tradicional da indústria da propaganda já se tornou coisa do passado. A maioria das pessoas assiste e acredita cada vez menos em anúncios publicitários. Atualmente, antes de comprar qualquer produto, muitas pessoas buscam saber qual é a experiência real de seus pares: os demais membros de confiança da sua comunidade.
Neste cenário, o Community Manager é um profissional-chave. É ele quem gerencia as expectativas dos membros de uma comunidade, busca agregar valor à vida dos participantes e atua para tornar as marcas mais lembradas e em sintonia com seus públicos. O Community Manager é o guardião das marcas nos ambientes digitais.
Alex Anunciato
*Consultor de Marketing e Comunicação Digital
anunciato@gmail.com
por Ronaldo Ramos | 5 de fevereiro de 2019 | Estratégia, Mentoria
Por Ronaldo Ramos*
A dupla W. Chan Kim e Renné Mauborgne, que há 30 anos pesquisa a Estratégia do Oceano Azul, afirma que um dos grandes desafios de líderes e empreendedores é compreender que a atitude e o comportamento das pessoas devem ser considerados como valores da organização.
A empresa deve ser vista como um organismo único, em que o desempenho no processo e o resultado refletem a identidade e participação de todos. As atribuições não são apenas da alta administração e da gerência intermediária. Todos devem atuar em prol da superação dos desafios organizacionais que a adoção de uma determinada estratégia representa.
Esse movimento mais orgânico, mais sistêmico, acontece quando os colaboradores são reconhecidos e suas opiniões consideradas. Assim eles se sentem motivados a executar o combinado. De coadjuvantes passam a atuar como transformadores de uma nova cultura em que a confiança e o comprometimento estimulam a cooperação.
Isso nos conduz ao sexto princípio da estratégia do oceano azul, referenciado na edição estendida do best-seller “A Estratégia do Oceano Azul”, cujo objetivo é mitigar o risco do sentimento de exclusão por parte dos membros da organização e criar condições que ajudem a minimizar a desconfiança, a falta de cooperação e até mesmo a sabotagem. As empresas precisam ir além das recompensas financeiras.
Para que essa dinâmica aconteça é fundamental que haja o engajamento das pessoas-chave antes da concepção da estratégia. Emocionalmente as pessoas querem ser reconhecidas pelo seu valor como seres humanos. Intelectualmente, elas almejam o reconhecimento de suas ideias e opiniões.
Quando há a colaboração, todos se tornam capazes de encontrar soluções inteligentes para os problemas identificados. Muitas vezes, o segredo é aprender a construir novos scripts para desempenhar novos papéis diante das turbulências internas, com motivação e energia.
Enfrentar as turbulências dos oceanos não é tarefa fácil. Porém, quando se trata da estratégia do oceano azul, a turbulência é maior, afirmam os autores. Por quê? Porque ao saírem da sua zona de conforto, as pessoas querem compreender qual é a verdadeira razão da mudança. Porém, quando existe confiança entre as pessoas, o medo da mudança diminui.
É dever da liderança antecipar obstáculos à estratégia e desenhar possíveis rotas de mitigação para o processo de mudança. Se a ideia não fizer parte da cultura, os esforços de implantação poderão resultar em perdas de tempo e recursos essenciais à organização. Afinal, toda execução estratégica implica num processo de “change management”.
O recente artigo “Blue Ocean Strategy & Shift Tools”, publicado por Kim e Mauborgne traz uma reflexão sobre três princípios complementares que regem o conceito do processo justo.
São os chamados Três “Es”: Envolvimento, Explicação e Clareza das Expectativas.
“Envolvimento” significa engajar os indivíduos nas decisões estratégicas que têm impacto sobre eles. A “Explicação” está atrelada ao entendimento e à compreensão dos critérios na busca pelos interesses da empresa. É o poder do feedback verdadeiro, específico, respeitoso e oportuno para promoção do aprendizado. E por último, “Expectativa” envolve a definição das regras do jogo após a elaboração da estratégia. Significa ter consciência sobre escolhas, desafios e consequências.
A questão é como esses princípios podem contribuir e influenciar na implementação das mudanças estratégicas com mais consistência e velocidade. Ao aplicar o processo justo os membros tendem a se comprometer com os resultados. Eles priorizam os interesses da organização em relação aos pessoais, por se sentirem integrantes do organismo maior. A partir de então a construção do espírito de cooperação voluntária poderá fluir de maneira espontânea e colaborativa.
Por meio da empatia, respeito e clareza de ideias o líder pode propiciar um ambiente de confiança. O processo justo não se aprende da noite para o dia. O exercício da prática e a curva de aprendizado são essenciais. A mentoria é um caminho que ajuda os líderes a encontrarem respostas para seus questionamentos. Com métodos e soluções sob medida, os líderes compartilham experiências com o apoio de conselheiros especialistas em liderança e gestão de equipes.
Ronaldo Ramos
*Fundador do CEOlab e professor associado da FDC
ronaldo.ramos@ceolab.net
www.CEOlab.net